O alpinista

O alpinista

Um desbravador do Aconcágua e sua (falta) fé

Um desbravador do Aconcágua e sua (falta) fé

Publicada há 9 meses

MINUTINHO

Abençoa e segue

Por: Chico Xavier / Emmanuel

Fita a caravana de companheiros que renteiam contigo, na via pública, e reconhecerás na face de cada um, quase sempre, apreensões e desgostos, a te pedirem simpatia e compreensão.

O cavalheiro bem posto, que passa no carro de luxo, talvez esteja seguindo ao encontro de credores implacáveis, cujas exigências lhe amargam os dias. A dama que surge, causando admiração pelos dotes de elegância e beleza, possivelmente, estará suportando espinhoso fardo de inquietações. 

O atleta que aplaudes, partilhando o delírio da multidão, em muitos casos, terá sofrido inesperada perda afetiva e, embora apareça sorrindo, muitas vezes, tem o íntimo embraseado de angústia. 

E aquela própria criança inteligente e robusta que observas sob a tutela de alguém, talvez esconda consigo a dor de haver perdido o pai que a trouxe ao mundo. 

Na apreciação acerca de alguém ou no exame de situações determinadas, usa a misericórdia, a fim de que te vejas no caminho certo. Abençoa e segue adiante. Na Terra, comumente, afrontada de condenações, sê a presença da paz e o reconforto da benção. 

CRÔNICA

O alpinista

Por: Autoria desconhecida 

Esta é a história de um alpinista que sempre buscava superar mais e mais desafios. Ele resolveu, depois de muitos anos de preparação, escalar o Aconcágua, o ponto mais alto das Américas. Porém, ele queria a glória somente para si e resolveu escalar sozinho, sem nenhum companheiro, o que seria natural no caso de uma escalada dessa dificuldade. Ele começou a subir e foi ficando cada vez mais tarde, porém, como não havia se preparado para acampar, resolveu seguir a escalada, decidido a atingir o topo. Escureceu, e a noite caiu como um breu nas alturas da montanha, e não era possível mais enxergar um palmo à frente do nariz, não se via absolutamente nada. Tudo era escuridão. Zero de visibilidade.

Não havia lua e as estrelas estavam cobertas pelas nuvens. Subindo por uma parede a apenas 100 metros do topo ele escorregou e caiu; caía a uma velocidade vertiginosa, somente conseguia ver as manchas que passavam cada vez mais rápidas na mesma escuridão. Sentia a terrível sensação de ser sugado pela força da gravidade. Continuava caindo, e nesses angustiantes momentos, passaram por sua mente todos os momentos felizes e tristes que ele já havia vivido.

Imagem: Ilustração

De repente ele sentiu um puxão forte que quase o partiu pela metade. Como todo alpinista experimentado, havia cravado estacas de segurança com grampos a uma corda comprida que fixou em sua cintura. Nesses momentos de silêncio, suspendido pelos ares na completa escuridão, não sobrou para ele nada além do que gritar:

– Oh meu Deus, me ajude! Bradou.

De repente uma voz grave e profunda vinda do céu respondeu:

– O que você quer de Mim, meu filho?

– Me salve meu Deus, por favor!

– Você realmente acredita que Eu possa te salvar?

– Eu tenho certeza meu Deus.

– Então corte a corda que te mantêm pendurado.

Houve um momento de silêncio e reflexão. O homem se agarrou mais ainda à corda e decidiu que se fizesse isso morreria.

Conta-se, que o pessoal de resgate encontrou no dia seguinte, um alpinista congelado e morto, agarrado com força, com as duas mãos, a uma corda a tão somente dois metros do chão.


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