OPINIÃO

Artigo: As testemunhas de pedra

Artigo: As testemunhas de pedra

Por: Prof. Dr. Carlos Eduardo Maia de Oliveira (Prof. Cadu)

Por: Prof. Dr. Carlos Eduardo Maia de Oliveira (Prof. Cadu)

Publicada há 10 horas

Imagine um lugar onde as crianças ficam entusiasmadas e os adultos tornam-se crianças.

Pense em um local onde são despertadas a curiosidade e a imaginação.

Ao adentrar na edificação, respira-se a história da localidade. Um prédio em estilo inglês, com colunas robustas e plataforma alta. Ao transitarem pelas suas dependências, os saudosistas lembram-se do tempo em que viajavam com a composição.

Ao passar de uma sala para outra, alguns murmuram com saudades quando rumavam para a capital. A viagem era longa, mas as lembranças são doces.

A edificação é toda história e o seu tesouro... Ah, o tesouro abrigado em seus cômodos! Estes estão situados em um tempo bem, mas bem mais distante que a história da localidade da qual o prédio é parte integrante.

Uma distância temporal longínqua demais para os padrões humanos que fazem os céticos arquearem as sobrancelhas e virarem levemente a cabeça com sinal de desconfiança. No entanto, a expressão facial deles se transfigura, dando lugar à fisionomia de curiosidade ao se depararem com as testemunhas do tempo profundo. 

Testemunhas cujos despojos parecem petrificados à primeira vista, não só parecem como estão petrificados.

Legendas:

1 - Crânio fossilizado de crocodilo pré-histórico denominado Baurusuchus pachecoi (encontrado em Jales - SP), idade estimada em 80 milhões de anos

2 - Crânio fossilizado de crocodilo pré-histórico denominado Baurusuchus pachecoi (encontrado em Fernandópolis-SP), idade estimada em 80 milhões de anos.

3 - Esqueleto quase completo de crocodilo pré-histórico juvenil denominado Baurusuchus pachecoi (encontrado em Fernandópolis-SP), idade estimada em 80 milhões de anos


Não poderiam estar em situação mais adequada, pois petrificado vem de pedra, e pedra é algo perene, perpétuo, atravessa o tempo, como estas testemunhas de pedra atravessaram.

Ao apreciar cada peça daquelas testemunhas, a curiosidade é substituída pela imaginação. O pensamento voa longe só de imaginar como viveram naquele mundo distante no tempo, mas que existiu sob nossos pés.

As gravuras nas paredes brancas daquele local mágico tentam dar vida àquelas testemunhas de pedra, como se tentassem preencher um vazio da nossa curiosidade, como se tentassem responder a inevitável pergunta – como eram em vida?

As gravuras são manifestações artísticas da Paleoarte, interação pura da arte com a ciência da Paleontologia, gerando concepções artísticas próximas daquela realidade.

As testemunhas de pedra são os fósseis, raros vestígios de vidas pretéritas, janelas abertas para um passado distante. O local mágico é o nosso museu. A edificação é a antiga estação de trem da cidade.

Os fósseis, a estação e o museu perfazem esse local interessante chamado “Museu de Paleontologia de Fernandópolis Prof. Cristovão Souza de Oliveira”, a última morada das testemunhas de pedra que se eternizaram no tempo.

O texto é de livre manifestação do signatário que apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados e não reflete, necessariamente, a opinião do 'O Extra.net'.

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