Crônica: Filho, estou no último vagão - Devemos deixar os nossos filhos voar, ir embora, confiar neles...

Crônica: Filho, estou no último vagão - Devemos deixar os nossos filhos voar, ir embora, confiar neles...

Tormentos voluntários - Por Fénelon

Tormentos voluntários - Por Fénelon

Publicada há 1 dia

MINUTINHO

Tormentos voluntários

Fénelon

O homem está incessantemente à procura da felicidade, que lhe escapa a todo instante, porque a felicidade sem mescla não existe na Terra. Entretanto, apesar das vicissitudes que formam o inevitável cortejo desta vida, dele poderia pelo menos gozar de uma felicidade relativa. Mas ele a procura nas coisas perecíveis, sujeitas às mesmas vicissitudes, ou seja, nos gozos materiais, em vez de buscá-la nos gozos da alma, que constituem uma antecipação das imperecíveis alegrias celestes. Em vez de buscar a paz do coração, única felicidade verdadeira neste mundo, ele procura com avidez tudo o que pode agitá-lo e perturbá-lo. E, coisa curiosa, parece criar de propósito os tormentos, que só a ele cabia evitar.

 Haverá maiores tormentos que os causados pela inveja e o ciúme? Para o invejoso e o ciumento não existe repouso: sofrem ambos de uma febre incessante. As posses alheias lhes causam insônias; os sucessos dos rivais lhes provocam vertigens; seu único interesse é o de eclipsar os outros; toda a sua alegria consiste em provocar, nos insensatos como eles, a cólera do ciúme. Pobres insensatos, com efeito, que não se lembram de que, talvez amanhã, tenham de deixar todas as futilidades, cuja cobiça lhes envenena a vida! Não é a eles que se aplicam estas palavras: “Bem-aventurados os aflitos, porque serão consolados”, pois os seus cuidados não têm compensação no céu.

Quantos tormentos, pelo contrário, consegue evitar aquele que sabe contentar-se com o que possui, que vê sem inveja o que não lhe pertence, que não procura parecer mais do que é! Está sempre rico, pois, se olha para baixo, em vez de olhar para cima de si mesmo, vê sempre os que possuem menos do que ele. Está sempre calmo, porque não inventa necessidades absurdas, e a calma em meio das tormentas da vida não será uma felicidade?

CRÔNICA

Filho, estou no último vagão

Por: Autoria desconhecida

Todos os anos, os pais de Martín o levavam para passar as férias de verão com a avó, e no dia seguinte voltavam para casa no mesmo trem. Um dia, o menino olhou para eles e disse: “Já estou crescido, posso ir sozinho para a casa da vovó?”. Após uma breve discussão, os pais aceitaram. Na estação, enquanto o trem se preparava para partir, eles se despediram dando-lhe algumas dicas pela janela, enquanto Martín repetia impaciente: “Eu sei, já me disseram isso mais de mil vezes”. Quando o trem estava prestes a sair, o pai se inclinou e sussurrou em seu ouvido: “Filho, se você se sentir mal ou inseguro, isto é para você”, e colocou algo no bolso do menino.

Agora, Martín está sozinho, sentado no trem, exatamente como queria. Pela primeira vez sem os pais, observa a paisagem passar pela janela, encantado com a sensação de liberdade. Mas, ao seu redor, desconhecidos se empurram, fazem barulho, entram e saem do vagão sem se importar com sua presença. O supervisor comenta sobre o fato de ele estar sozinho. Uma pessoa o olha com tristeza. A cada minuto que passa, Martín sente um incômodo crescer dentro dele. Agora, já não se sente tão seguro. O medo começa a tomar conta e, com a cabeça baixa, lágrimas discretas começam a se formar em seus olhos.

De repente, ele se lembra do que o pai havia colocado em seu bolso. Tremendo, busca aquilo com urgência, como se fosse a única coisa capaz de lhe devolver a segurança. Encontra um pequeno pedaço de papel. Abre rapidamente e lê as palavras escritas com a caligrafia firme de seu pai: “Filho, estou no último vagão”.

O texto é de livre manifestação do signatário que apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados e não reflete, necessariamente, a opinião do 'O Extra.net'.

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