JUSTIÇA

Padre é condenado a 26 anos por estupro de coroinha na região

Padre é condenado a 26 anos por estupro de coroinha na região

Crimes começaram quando vítima tinha 13 anos; sentença ainda cabe recurso

Crimes começaram quando vítima tinha 13 anos; sentença ainda cabe recurso

Publicada há 1 hora

Foto: Reprodução / Fonte: Facebook

Da Redação

Um padre foi condenado a 26 anos e oito meses de prisão por estupro de vulnerável em Penápolis (SP). De acordo com a sentença, os crimes ocorreram entre 2009 e 2014, período em que a vítima, então coroinha da Paróquia Sagrada Família, tinha entre 13 e 18 anos. O religioso, entretanto, poderá recorrer em liberdade.

A decisão foi proferida na última sexta-feira (22) pelo juiz Vinícius Gonçalves Porto, da Vara Criminal de Penápolis. O réu é o padre Antônio de Souza Carvalho, que ao longo do processo negou os abusos, alegando que os gestos descritos pela vítima seriam apenas “demonstrações de carinho”.

Como aconteceram os abusos

Segundo a denúncia do Ministério Público e o relato acolhido pela Justiça, os abusos tiveram início quando a família do adolescente se mudou da zona rural para a cidade e passou a frequentar a paróquia no bairro Eldorado. O jovem foi convidado a atuar como coroinha, momento em que passou a ter contato direto e frequente com o sacerdote.

Durante os trajetos de carro até as missas, o padre teria acariciado as pernas e as partes íntimas do garoto, além de beijá-lo no pescoço. A vítima relatou ainda que, em uma viagem a Limeira (SP), ambos dividiram um quarto e o religioso voltou a abusar dele.

Os episódios se repetiram ao longo de cinco anos. O jovem, segundo consta nos autos, não denunciava o padre por vê-lo como uma figura de autoridade religiosa quase intocável, chegando a descrevê-lo como um “Deus”. Os abusos só vieram à tona após a maioridade da vítima, quando ela procurou a própria Igreja para relatar o que havia sofrido. A denúncia às autoridades civis foi feita apenas em 2024.

Condenação e efeitos

O padre foi condenado por estupro de vulnerável e crimes sexuais continuados. A pena totaliza 26 anos e oito meses de prisão em regime fechado, mas como se trata de decisão em primeira instância, ele poderá aguardar em liberdade enquanto recorre.

O religioso está atualmente afastado de suas funções, mora em Lins (SP), mas continua sendo padre até a conclusão dos processos canônicos.

Posição da Diocese e do Vaticano

Em nota oficial, a Diocese de Lins, responsável pela paróquia em que ocorreram os fatos, informou que o caso já foi comunicado ao Dicastério para a Doutrina da Fé, em Roma, instância do Vaticano responsável por crimes sexuais envolvendo religiosos. Um Processo Penal Administrativo foi instaurado e ainda está em andamento.

O bispo Dom João Gilberto de Moura manifestou “profunda dor” diante do caso e destacou que a Igreja reafirma seu compromisso com a “verdade, a justiça e o cuidado com todos os envolvidos”.

Contexto mais amplo

Casos de violência sexual envolvendo membros do clero vêm sendo denunciados em diferentes dioceses do Brasil e do mundo. A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) afirma que acompanha os trabalhos da Justiça e das autoridades e que tem reforçado protocolos de prevenção e acolhimento às vítimas.

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