POLICIAL

Fernandopolense acusado de “estelionato amoroso” é preso em Santos

Fernandopolense acusado de “estelionato amoroso” é preso em Santos

Acusado se passava por estudante de medicina para enganar as vítimas

Acusado se passava por estudante de medicina para enganar as vítimas

Publicada há 3 horas

Imagem: Reprodução / Fonte: Print Screen da Folha de SP

Da Redação

Fernandópolis (SP), 09 de outubro de 2025 — Matheus Rodelo Monteiro Machado, 26 anos e natural de Fernandópolis (SP), foi preso na noite de quarta-feira (8) em uma operação da 1ª Delegacia da Divisão Especializada de Investigações Criminais (Deic) de Santos (SP). Segundo reportagem da Folha de S.Paulo, assinada por Eliane Trindade, ele é acusado de praticar estelionato amoroso contra ex-namoradas de diversos estados.

Denúncias, investigação e prisão

Conforme informações divulgadas pela Polícia Civil, as investigações foram conduzidas pela Delegacia de Defesa da Mulher de Caraguatatuba. O Ministério Público ofereceu denúncia baseada no relato de uma ex-namorada, que afirma ter sido golpeada em quantia superior a R$ 100 mil. Na ocasião da prisão, o acusado estava em posse de 11 cartões de crédito e dois celulares, segundo o depoimento da vítima, que é arquiteta em Caraguatatuba.

O informe policial indica que Matheus operava em padrões semelhantes em diferentes estados, envolvendo vítimas em relações afetivas: após estabelecer vínculos íntimos, ele teria promovido golpes financeiros que incluíam transferências indevidas, uso indevido de cartões e promessas falsas de investimento. Além disso, há registros de que pretendia estender o modus operandi à Baixada Santista, visando novas vítimas.

As pessoas que denunciaram exibem perfil semelhante: mulheres entre 23 e 32 anos, estudantes ou profissionais bem-sucedidas, muitas delas da área da saúde, especialmente medicina. Todas relataram que foram atraídas por promessas sedutoras e supostas oportunidades conjuntas.

Violência patrimonial, estelionato sentimental e a Lei Maria da Penha

O crime apurado se enquadra no chamado estelionato amoroso — categoria informal que designa golpes aplicados em relações afetivas. Quando esses golpes envolvem abuso econômico, apropriação de bens ou manipulação financeira no contexto de vínculo afetivo, podem ser considerados formas de violência patrimonial, prevista pela Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006). 

A Lei Maria da Penha classifica a violência patrimonial como qualquer conduta que configure retenção, subtração ou destruição de bens, valores, documentos ou direitos da mulher. 

Essa modalidade é reconhecida como parte das formas de violência doméstica e familiar contra a mulher. 

Dessa forma, o estelionato amoroso em contexto afetivo pode ser interpretado não apenas como crime contra o patrimônio (artigo 171 do Código Penal), mas também como ato de violência de gênero, quando praticado contra a mulher em situação de dependência emocional ou vulnerabilidade.

Situação processual e defesa

A defesa de Matheus informa que o processo está sob segredo de justiça e que já requereu habilitação nos autos para atuar no caso. Até o momento, não há pronunciamento oficial do Ministério Público ou da Justiça sobre medidas cautelares ou possível prisão preventiva.

Importância do caso e reflexos sociais

Este caso chama atenção para um tipo de crime ainda pouco visibilizado, embora de crescente relato entre mulheres — especialmente jovens e profissionais com boa condição financeira. Em reportagem relacionada, grupos de vítimas se mobilizam para alertar outras mulheres sobre perfis usados por golpistas que se autoapresentam como estudantes de medicina ou investidores para seduzir. 

Além disso, trata-se de um alerta para a necessidade de prevenção, conscientização e respaldo jurídico para mulheres que experimentam manipulação afetiva com repercussões econômicas. À medida que a violência patrimonial é compreendida como parte da violência doméstica, cresce a importância de instituições (polícia, Ministério Público, rede de atendimento à mulher) estarem preparadas para lidar com esses casos de forma integrada.

últimas