POLICIAL
Moradores retiram cerca de 60 corpos em área de mata após operação
Moradores retiram cerca de 60 corpos em área de mata após operação
Não fazem parte da contagem oficial de 64 mortos - 60 suspeitos e 4 policiais
Não fazem parte da contagem oficial de 64 mortos - 60 suspeitos e 4 policiais

Rio de Janeiro (RJ), 29/10/2025 - Dezenas de corpos são trazidos por moradores para a Praça São Lucas, na Penha, zona norte do Rio de Janeiro. Operação Contenção. Foto: Divulgação / Fonte: Tomaz Silva
Da Redação
Por: Tâmara Freire
Cerca de 60 corpos foram localizados e retirados de uma área de mata do Complexo da Penha por moradores, após a Operação Contenção realizada pelas forças de segurança do estado, nessa terça-feira (28). Os corpos foram reunidos na Praça São Lucas, no centro da comunidade, e de acordo com os moradores, não fazem parte da contagem oficial de 64 mortos - 60 suspeitos e 4 policiais. A Polícia Militar foi procurada, mas ainda não se pronunciou.
O ativista Raul Santiago, morador do complexo, fez uma transmissão ao vivo e denunciou a “chacina que entra para a história do Rio de Janeiro, do Brasil e marca com muita tristeza a realidade do país.”
A pedido dos familiares, os corpos foram expostos para registro da imprensa e, depois, foram cobertos com lençóis. A comunidade aguarda a retirada dos corpos pelo Instituto Médico-Legal.
Dezenas de corpos foram trazidos por moradores para a Praça São Lucas, na Penha, zona norte do Rio de Janeiro, após ação policial da Operação Contenção. Foto: Eusébio Gomes/TV Brasil
Se eles realmente estiverem fora das 64 vítimas contabilizadas ontem, o número total de mortos da operação mais letal já realizada pelas forças de segurança do Rio, pode chegar a 120. Durante a noite, mais seis corpos encontrados em área de mata no Complexo do Alemão foram levados para o Hospital Getúlio Vargas.
O Corpo de Bombeiros já começou a retirar os corpos no Complexo da Penha. Ainda há incerteza sobre o número total de mortos na ação, que está sendo considerada pelo governo do estado como “a maior operação da história do Rio de Janeiro”. A contagem oficial na terça-feira foi de 64 óbitos, sendo 60 suspeitos e 4 policiais. Isso já caracteriza a ação como a mais letal.
No entanto, seis corpos encontrados por moradores no Complexo do Alemão foram levados para o Hospital Getúlio Vargas durante a noite, além dos 60 localizados na Penha durante a madrugada e manhã de hoje. Caso não haja duplicidade, a conta pode chegar a 130 mortos.
Terça-feira
Moradores do Rio de Janeiro viveram momentos de pânico e medo na terça-feira (28) diante da operação policial nos Complexos da Penha e do Alemão. Milhares enfrentaram dificuldades para conseguir chegar em casa devido aos bloqueios das vias da cidade, além de terem de fugir dos tiroteios.
Especialistas ouvidos pela Agência Brasil criticaram a ação que gerou um grande impacto na capital fluminense e não atingiu o objetivo de conter o crime organizado. Para a professora do Departamento de Segurança Pública da Universidade Federal Fluminense (UFF), Jacqueline Muniz, a operação foi amadora e uma “lambança político-operacional”.
Movimentos populares e de favelas também criticaram as ações policiais e afirmaram que "segurança não se faz com sangue".
O governador do Rio de Janeiro, Claudio Castro, defendeu as ações da polícia afirmando que se for necessário vai exceder os limites e as competências do governo estadual para manter "a nossa missão de servir e proteger nosso povo”. Ele cobrou mais apoio do governo federal. Na noite desta terça, ele solicitou a transferência de 10 detentos presos em penitenciárias do Rio para presídios federais.
O ministro da Justiça e da Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, afirmou ontem, em coletiva à imprensa, que não recebeu pedido do governador para apoio à megaoperação.