JUSTIÇA

Risco de fuga e violação da tornozeleira: os fundamentos da prisão de Bolsonaro

Risco de fuga e violação da tornozeleira: os fundamentos da prisão de Bolsonaro

Convocação de uma vigília por apoiadores também é citada na decisão do STF

Convocação de uma vigília por apoiadores também é citada na decisão do STF

Publicada há 1 hora

Foto: Arquivo / Fonte: Assessoria Imprensa JB

Da Redação

Brasília — 22 de novembro de 2025

O ex-presidente Jair Bolsonaro foi preso preventivamente na madrugada desta sexta-feira após decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A ordem foi cumprida pela Polícia Federal em Brasília e se baseia em dois pontos considerados centrais pelo magistrado: o risco concreto de fuga e o registro de possível violação da tornozeleira eletrônica usada pelo ex-presidente.

Violação do monitoramento eletrônico

De acordo com a decisão, o sistema de monitoramento detectou uma anomalia no dispositivo de vigilância por volta das 0h08. O episódio foi interpretado pelo ministro como indício de tentativa de rompimento ou manipulação da tornozeleira — comportamento que, para o STF, compromete a eficácia das medidas cautelares impostas anteriormente.

Moraes destaca que, isoladamente, o episódio já exigiria esclarecimentos urgentes. No entanto, diante do conjunto de circunstâncias observadas nas últimas semanas, a suposta violação “ganha contornos de possível preparação para fuga”.

Indicativos de tentativa de evasão

O ministro também menciona outros elementos que, segundo ele, reforçam o risco de Bolsonaro tentar deixar o país ou buscar abrigo diplomático. Entre os pontos citados está a convocação de uma vigília por apoiadores, prevista para ocorrer nas imediações da residência do ex-presidente. Para Moraes, a mobilização poderia gerar tumulto suficiente para dificultar ações de fiscalização e abrir margem para uma eventual evasão.

Outro aspecto considerado é a proximidade da casa de Bolsonaro com representações diplomáticas estrangeiras em Brasília, o que, na avaliação do magistrado, facilitaria uma tentativa de pedido de asilo.

Além disso, o ministro afirma que já houve, em casos anteriores envolvendo aliados ou pessoas próximas ao ex-presidente, episódios de deslocamentos não autorizados ou tentativas de deixar o território nacional — um padrão que, segundo ele, não pode ser desconsiderado.

Escalonamento das medidas

A prisão preventiva marca um agravamento significativo no tratamento judicial dispensado ao ex-presidente. Até então, Bolsonaro cumpria medidas cautelares, como o uso da tornozeleira e a proibição de manter contato com investigados de determinados inquéritos.

Com a nova ordem, todas as visitas passam a depender de autorização expressa — com exceção de advogados e profissionais de saúde. Também foi determinada a realização de audiência de custódia por videoconferência e a manutenção de acompanhamento médico contínuo.

Próximos passos

A defesa do ex-presidente deve apresentar ainda hoje pedido para reverter a prisão. Os advogados argumentam que Bolsonaro tem problemas de saúde que exigiriam acompanhamento regular e contestam a interpretação sobre a tornozeleira.

No campo político, a detenção tende a intensificar tensões entre aliados do ex-presidente e o Supremo, além de produzir impacto no ambiente nacional. A mobilização de apoiadores também é esperada ao longo do final de semana.

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