DE VOLTA AOS ES

Em busca de conhecimento, alunos com mais de 50 voltam à sala de aula

Em busca de conhecimento, alunos com mais de 50 voltam à sala de aula

Apesar da escassez de horas de descanso, falta de tempo para organizar assuntos particulares e ter de conciliar aulas e trabalho, para os alunos consultados pela Reportagem, a opinião é unânime: o

Apesar da escassez de horas de descanso, falta de tempo para organizar assuntos particulares e ter de conciliar aulas e trabalho, para os alunos consultados pela Reportagem, a opinião é unânime: o

Publicada há 8 anos

Por Breno Guarnieri


Maria Cristina, 57, que era bancária aposentada, resolveu continuar a vida profissional em outra área



Uma nova turma invadiu as salas de aula e não são jovens universitários. São senhores e senhoras que, ávidos por informação e atualização, resolveram sentar nos bancos das universidades outra vez. 


“A sensação é ótima, pois faço-me presente no meio de jovens de 20 anos. Já atuei como professora em tempos remotos, isso facilita a tornar-me um deles sem discriminações”, destacou Marta Aparecida de Almeida, 55 anos, que cursa o 6º Semestre de Ciências Sociais - Direito -, na Unicastelo de Fernandópolis. “Minha intenção é dar continuidade aos estudos, com especializações e cursos com objetivo de conseguir passar no exame da Ordem, não só para ter o título “advogada”, mas sim para fazer jus à caminhada de estudos”, acrescentou. 


A paixão por estudar, ler e escrever levou Carlos Aparecido, 57, a ingressar em filosofia. Já graduado em administração, Aparecido vislumbrou na segunda graduação, a oportunidade de buscar respostas para indagações pessoais e reflexões. “no começo, estava temeroso, porque achava que poderia ter problemas de relacionamento com os mais jovens, apesar de ser extrovertido. Fui recebido muito bem, eles me tratam como colega mesmo, não como um tio. Fiquei muito contente com a receptividade deles e dos professores”, enfatizou. 


A declaração acima ganha o reforço de Maria Cristina de Freitas Sgoti, 57 anos, que era bancária aposentada, porém, resolveu continuar a vida profissional em outra área. Maria Cristina se formou em nutrição no final de 2010. “Conheci a Unati (Universidade Aberta à Terceira Idade), onde lá me incentivaram a voltar a estudar. Eu não senti nenhuma dificuldade em voltar aos bancos escolares. Pelo contrário. Achei divertidíssimo e gostoso”, enalteceu. 


TENDÊNCIA 


As trajetórias destes universitários estão de acordo com uma tendência no país, resultado do aumento da expectativa de vida da população. Segundo o Censo 2010 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o segmento de pessoas com 65 anos ou mais representa 7,4% da população nacional. Para se ter uma ideia, no ano de 1991, a porcentagem de pessoas dessa faixa etária era de 4,8%. “Ministro aulas em faculdades da região, e observo a cada ano, o aumento do número de alunos mais experientes em diversos cursos. 


Já tive vários alunos experientes, acima de 50 anos, que, após a graduação, vão atuar na área. Para muitos, a vocação profissional que ao longo da vida não foi realizada, é retomada na fase em que os filhos já cresceram”, destacou o docente Paulo Silvestre. 


EXPECTATIVA DE VIDA 


Segundo o psicólogo consultado pela Reportagem de “O Extra.net”, Amadeu Alves, a maior procura tem ligação direta com o aumento da expectativa de vida do brasileiro, que passou para 73 anos. “Além disso, dados prévios do censo indicam que mais da metade da população tem mais de 30 anos e evidenciam o alargamento da pirâmide etária na faixa que abrange a população acima de 50 anos”, salientou. 











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