DIA NACIONAL DO

Ter limitações não significa ter limites

Ter limitações não significa ter limites

Os jovens Evandro Júnior e Carla Coutinho são exemplos de determinação e mostram que a deficiência não representa para eles um empecilho

Os jovens Evandro Júnior e Carla Coutinho são exemplos de determinação e mostram que a deficiência não representa para eles um empecilho

Publicada há 7 anos

Em função de uma paralisia cerebral, Carla Coutinho teve comprometidas suas funções motoras



Evandro Júnior tem 25 anos e cursa direito



Por Lívia Caldeira


O tempo todo eles se sentem postos à prova e precisam mostrar a todos do que são capazes, superando os obstáculos e as barreiras do preconceito. Por onde quer que passem, pessoas com deficiência encontram desafios que precisam e devem ser vencidos. Para a estudante de jornalismo Carla Coutinho, 23 anos, e deficiente física desde nascença, ter limitações não significa ter limites. A jovem, que teve comprometidos os movimentos dos braços e das mãos em função de uma paralisia cerebral durante o parto, destaca a importância de conscientizar a população sobre o tema. “Divulgar a nossa luta e reivindicar nossos direitos é um trabalho diário”, afirma. Assim como ela, o estudante de direito Evandro Júnior, 25 anos, e deficiente físico desde 2011, após sofrer um acidente de moto, acredita que uma cadeira de rodas ou um par de muletas não representa limites para ninguém. “Eu tive sim que reaprender fazer tudo depois do acidente, mas ao invés de reclamar eu preferi viver e, desde então, é isso que eu faço”, destaca. Em comemoração ao dia 21 de setembro, data que representa o “Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência” e será celebrada na próxima quinta-feira, a Reportagem de “O Extra.net” conversou com os dois jovens, que falaram sobre acessibilidade, direitos e inclusão dos deficientes.

O EXTRA: Na sua opinião, como está a questão da acessibilidade atualmente?
EVANDRO: Nossa luta pela acessibilidade é diária, os cadeirantes e outros tipos de deficientes físicos ainda têm muitas dificuldades para se locomover. Eu mesmo sou obrigado a frequentar principalmente locais que tenham acessibilidade. Postos de gasolina, bares, restaurantes, e muitos outros empreendimentos ainda não são adaptados para o deficiente.
CARLA: Falar em acessibilidade é falar em inclusão: se um lugar não tem acessibilidade, ele não é inclusivo. Precisamos começar a pensar nisso. Acho importante destacar também que o dia 21 ficou estabelecido como “Dia nacional da luta da pessoa com deficiência” e é muito importante como um marco, mas na verdade a nossa luta é toda dia.

O EXTRA: Você acha que a sociedade está cumprindo o seu dever de inclusão com os deficientes? Ou ainda falta muito pra avançar nessa área?
EVANDO: Acredito que a inclusão existe sim e estamos melhorando nessa área, mas ainda falta conscientização por parte das pessoas. Antes do acidente, sempre fiquei indignado com quem estaciona em vaga de deficiente e, agora, mais ainda. Eu mesmo procuro não estacionar nessas vagas, pois alguém em uma situação pior que a minha pode precisar mais daquela vaga. Se todos respeitassem as leis e as cumprissem o mudo seria bem melhor.
CARLA: Com relação à inclusão, acho que ainda temos muito a melhorar. No meu dia a dia, eu percebo que o preconceito contra o deficiente não está somente naquelas pessoas que te olham “torto”, ou em alguém que te ofende. O preconceito está, principalmente, naquela pessoa que, mesmo sabendo das dificuldades de um deficiente, rouba a sua vaga no estacionamento ou senta em um acento preferencial dentro do ônibus. Enfim, acho que a sociedade fica nos devendo essa verdadeira forma de inclusão. As leis existem e não são cumpridas por falta de conhecimento das pessoas, mas por falta de respeito e conscientização.



O EXTRA: Qual a importância da família e dos amigos na sua recuperação após o acidente?
EVANDRO: Eles foram fundamentais pra mim. Não sei o que seria de mim sem eles. Hoje tento ser o mais independente possível e não depender de ninguém, mas sempre têm pessoas prontas a me oferecer uma ajuda: familiares, colegas, amigos, professores da faculdade, não posso reclamar.
No meu caso, também me ajudou muito conhecer a história de vida do Fernando Fernandes, um ex-BBB que ficou paraplégico. Inspirei-me muito nele, principalmente no começo. Assim como eu, ele também sofreu lesão na última vértebra, mas isso só fez com que ele tivesse ainda mais motivação para viver. Ele é campeão de canoagem e pratica vários esportes, além de dar palestras motivacionais.



O EXTRA: - A deficiência representa uma limitação para você?
CARLA: Minha deficiência nunca representou uma limitação para mim. Sempre fiz tudo o que eu queria fazer e fui e sou super independente.
EVANDRO: Bom, eu tive que reaprender fazer tudo depois do acidente, mas ao invés de reclamar eu preferi viver e, desde então, é isso que eu faço. Cadeira de rodas não é limite para ninguém. Eu não mudei com a deficiência, minha essência continua a mesma, mas sem dúvidas as dificuldades nos fazem melhorar e crescer como pessoa. Aos 19 anos, por exemplo, eu nem pensava em estudar, depois do acidente ganhei força e motivação para começar uma faculdade. Hoje eu tenho plena convicção de que a minha vida não acabou e dou graças a Deus pelo ar que respiro.


Exercícios físicos fazem parte da sua rotina



Carla tem 23 anos e é estudante de jornalismo



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