Quando vou à fazenda me concentro no trabalho, mas penso na natureza.
É lá que me distancio dos homens e me aproximo de Deus.
É lá que me afasto dos problemas citadinos e me aproximo da paz do campo. A paz de Deus.
É lá que entro em contato com os animais, que são como crianças: puros e atentos.
Os animais não são como os homens. Os primeiros são autênticos, já os segundos...
É lá que, ao avistar um animal silvestre, percebo a verdadeira liberdade.
É lá que, ao me deparar com um animal selvagem, não ganho o dia, mas a semana.
No campo, o tempo passa mais devagar. Percebemos o passar do dia e o seu contraste com a noite.
Ah, e como é bonito o céu noturno no campo! É lá que as estrelas se mostram presentes em todo o seu esplendor. É lá que nos sentimos pequenos diante da vastidão da Via Láctea, descortinada pela ausência da luz artificial da cidade, a mesma que ofusca essa beleza.
Tudo no campo é simples, a comida, as pessoas, o modo de vida. Na cidade, vivemos a ilusão do luxo.
Na cidade, o cansaço é mental. No campo, o cansaço é físico, aumenta a nossa fome e nos faz dormir melhor.
No campo, a comida tem sabor e o café é mais cheiroso. Na cidade, quase não temos tempo de almoçar.
No campo, os sons são agradáveis: o ruído baixo da brisa suave que bate no rosto, o som da queda d´água no pequeno riacho que diminui a nossa ansiedade, o galo que canta ao nascer do sol, um bezerro que chama a sua mãe, o canto do Jaó.
No campo, o silêncio nos agrada e nos acalma.
O homem do campo conhece o seu espaço: o nome das árvores, os remédios caseiros, o canto dos pássaros e os sinais da natureza. Tudo isso faz parte do seu conhecimento, ciência adquirida na prática.
O homem do campo é astuto, mas simples. O homem do campo é rústico, mas educado. O homem do campo é humilde, mas não ingênuo. O homem do campo é curioso, por isso é atento. O homem do campo é inteligente e tem muito a nos ensinar.
O homem do campo está mais próximo da paz, a paz da natureza, a paz do campo, a paz de Deus.