CORONAVÍRUS
Estudante da região se recusa a deixar a China: "Estaria abrindo mão de um sonho"
Estudante da região se recusa a deixar a China: "Estaria abrindo mão de um sonho"
O jovem se interessou pelo país aos 12 anos de idade quando fazia Kung Fu
O jovem se interessou pelo país aos 12 anos de idade quando fazia Kung Fu
Da Redação
O estudante Miguel Manacero de 18 anos morava em Guapiaçu e foi para Wuhan, capital da província de Hubei na China — epicentro do surto do novo coronavírus. Para ele, voltar para o Brasil seria como desistir de um sonho que ele cultiva desde criança.
Manacero foi entrevistado pela rede BBC News Brasil. Ele não quis embarcar no avião da Força Aérea Brasileira (FAB) que trouxe da China de volta para o Brasil 34 brasileiros. "Voltando para o Brasil eu estaria abrindo mão de um sonho", contou o jovem à reportagem da BBC.
Ele foi para a China aprender mandarim na Universidade de Hubei, em agosto de 2019. Começou a estudar o idioma aos 12 anos de idade e o interesse pelo país surgiu com a arte marcial que ele pratica desde a infância, o Kung fu.
Para Manacero, deixar a China comprometeria o término do curso de mandarim, qualificação que pode ajudá-lo a conseguir uma bolsa de estudos para um curso de graduação na Universidade de Hubei.
Se o garoto voltasse para o Brasil, segundo a família, não saberiam como, nem quando ele poderia retornar aos estudos em Hubei. Por isso, resolveu ficar sob o alto risco de infecção do vírus e teve o apoio de seus familiares.
A mãe de Manacero, Maria Cecilia Oliveira, publicou em suas redes sociais que tem muito orgulho do filho, que foi contratado pela Embaixada Brasileira para acompanhar o grupo que foi mandado de volta ao Brasil, como intérprete.
"Muito orgulho de você meu filho, além de optar por tentar seguir seus sonhos na China, ainda ajudou os brasileiros serem repatriados para o Brasil, sendo contratado pela Embaixada Brasileira para acompanhar o grupo como intérprete neste momento tão delicado!”, escreveu Maria Cecilia em seu Facebook.
Em outra publicação, a mãe expressa esperança de que o problema seja sanado.
"Eu tenho fé que será resolvido e tudo voltará ao normal! Que Deus proteja todas as pessoas e que Wuhan seja o lar tranquilo do meu filho Miguel Manacero como foi até pouco tempo!”, publicou.
Ainda no Facebook, Maria Cecilia faz comparações do Brasil com a China e diz que se sente muito mais segura com o filho em Wuhan.
O jovem admite medo pelo vírus, que já matou 1.013 pessoas. A letalidade do coronavírus já supera a da epidemia provocada pelo Sars (Síndrome Respiratória Aguda Grave) — também originado na China — que matou 774 pessoas ao redor do mundo em 2003.
De volta para o Brasil
Após semanas de impasse, o grupo de 34 brasileiros que estavam em Wuhan foi trazido em dois aviões da FAB. Miguel Manacero esteve com eles na sexta-feira (7), antes da viagem de volta e disse que o clima era de alívio e de muita unidade. Os 34 repatriados vão ficar em Anápolis de quarentena por 18 dias.