ENTREVISTA ESPE
Bailarinos homens ainda sofrem com discriminação
Bailarinos homens ainda sofrem com discriminação
Entrevista especial com Ronielli Sanches que venceu o preconceito em nome do amor pela dança
Entrevista especial com Ronielli Sanches que venceu o preconceito em nome do amor pela dança
Por Lívia Caldeira
O balé é o nome dado a um estilo de dança e a sua performance. O termo vem do italiano “ballare” que significa bailar. Trata-se de uma arte que exige encenações, posturas corporais, coreografias delicadas, treinos constantes e muita dedicação. A dança surgiu na Itália e chegou ao Brasil por volta de 1.800.
Os benefícios são muitos. O balé promove o condicionamento cardiovascular, flexibilidade e uma boa postura. Alunos que fazem dança aprendem a ser mais disciplinados porque lidam com um ritmo intenso de ensaios.
Contudo, depois de mais de dois séculos, ainda existe muito preconceito em relação a meninos que dançam balé. Qual seria a reação de muitos pais se o filho dissesse a eles que sonha em ser bailarino ao invés de jogador de futebol? Que prefere a dança em vez da luta?
A reportagem deste “O Extra.net” traz hoje um pouco da história do jovem Ronielli Sanches, 21 anos, que nos conta sobre os vários olhares preconceituosos já enfrentados desde menino, quando escolheu ser um bailarino. Hoje, depois de muito esforço, dedicação e coragem para continuar lutando pelo seu sonho, Ronielli afirma que se sente finalmente livre e feliz em poder falar, sem medo, mas com orgulho, da sua paixão pelo balé.
EXTRA: Quando e como foi a primeira vez que você teve contato com o balé?
RONIELLI: Meu primeiro contato com a dança foi quando eu tinha nove anos de idade, durante um projeto realizado na cidade. Na ocasião, ia ter uma apresentação de dança aqui e minha mãe me levou para assistir, foi aí que conheci uma professora (a Adriana Barbosa, que hoje é a minha mentora) e comecei logo a me interessar pela dança e a praticar.
EXTRA: Seus pais e familiares te apoiaram nesta escolha? Além deles, quem mais te apoiou a continuar neste caminho?
RONIELLI: Bom, meus pais sempre me apoiaram muito desde o começo, sempre me incentivaram a correr atrás do que eu queria e dos meus sonhos. Tive também alguns amigos que me ajudaram a persistir na dança e a continuar neste caminho. Acho que neste ponto tive muita sorte, ao contrário de outros meninos que não encontram apoio nem mesmo dentro de casa. É muito importante para a criança receber o incentivo dos pais, seja qual for o sonho dela.
EXTRA: Quais as dificuldades que você já teve que enfrentar pelo fato se ser um dançarino do sexo masculino?
RONIELLI: Já tive muito medo de ser julgado, vaiado pela rua... No mundo em que vivemos hoje, infelizmente, ainda convivemos com o preconceito, esse é um fator que tive que superar, mas isso nos dá força para seguir adiante, o mundo nos coloca obstáculos e cabe a nós superarmos tudo isso!
EXTRA: Quais são seus planos para o futuro como bailarino?
RONIELLI: Atualmente estou fazendo faculdade de Educação Física. Por enquanto não tenho planos, a não ser treinar e continuar a me dedicar, mas... Quem sabe o que futuro nos reserva?
EXTRA: Que mensagem de incentivo você quer deixar para outros garotos que, como você, sonham em ser dançarinos?
RONIELLI: Em primeiro lugar, devem estar cientes de que esse caminho não é fácil, mas se isso é realmente seu sonho, corra atrás e não deixe as oportunidades escaparem de suas mãos, agarre como se fosse a última coisa em sua vida. O importante é fazer aquilo que nos faz bem, aquilo que nos deixa feliz.