CAUSA ANTIGA

Imbróglio entre empresa e Universidade Brasil trava validação do internato de alunos do curso de Medicina

Imbróglio entre empresa e Universidade Brasil trava validação do internato de alunos do curso de Medicina

UB diz que avaliações curriculares estão sendo realizadas individualmente; contrato foi firmado em gestões anteriores

UB diz que avaliações curriculares estão sendo realizadas individualmente; contrato foi firmado em gestões anteriores

Publicada há 4 anos

Sede da Universidade Brasil em São Paulo

Gustavo Jesus

Uma empresa contratada pela Universidade Brasil para a gestão de internato dos alunos do curso de Medicina acusa a instituição de não pagar pelos serviços prestados, de ofertar o internato para alunos oriundos de transferência que não tinham qualificação acadêmica e não validar o mesmo para aqueles que concluíram o estágio durante a gestão da empresa.

A direção do Instituto Neos relata que houve a cobrança de propina para a manutenção do contrato. “A empresa se deparou com um esquema de corrupção intrainstitucional que com cobrança de propina para permanência do contrato feito por dirigentes da instituição”, disse Gustavo Meira, representante do instituto.

Essas negociações ocorreram antes da deflagração da Operação Vagatomia, que apura fraudes financeiras na instituição.

“Com a deflagração da Operação Vagatomia, o Instituto Neos por várias vezes encaminhou solicitação de posicionamento da Universidade Brasil sobre o ocorrido, e como ficaria a situação contratual, mas em nenhum momento obteve resposta. Foram inúmeros reitores e diretores que entraram e saíram e nenhuma posição foi dada a empresa contratada se quer foram feitos os devidos pagamentos pelo serviço prestado”, disse Gustavo.

“O instituto Neos, frente as inúmeras tentativas de acordo, tentou por meio de mensagens telefônicas solicitas as senhoras Claudia Aparecida Pereira e Barbara Izabela Costa Micheletti, que segundo dirigentes da instituição são as pessoas que decidem os pagamentos, e as mesmas que se recusam a pagar a divida”, continuou o empresário.

A Universidade Brasil questiona a prestação dos serviços, ainda que uma auditoria tenha considerado que os mesmos foram prestados pelo Instituto Neos.

Em decisão publicada no final de junho, a Justiça deu razão ao instituto, e acusou a universidade de má fé. “De outra banda, vale destacar que beira a má-fé a conduta da embargante, haja vista sua nítida intenção de protelar o andamento do feito, pois se opõe a fato incontroverso fundamentando seus embargos na alegação de descumprimento contratual por parte da embargada, não obstante a própria embargante possuir relatório de auditoria que comprova inequivocamente que o serviço contratado foi prestado e devidamente comprovado”, diz trecho da decisão assinada pela juíza Daniella Carla Russo Greco de Lemos.

Ainda de acordo com Gustavo, a universidade, apesar de desqualificar o serviço do instituto, tem prometido a validão do internato aos alunos. “Ao mesmo tempo que a universidade tenta brigar para descaracterizar o serviço prestado pelo Instituto Neos, ela promete aos alunos validação do internato para que esses não deixem de pagar suas mensalidades, o que é objeto de fala do reitor a todo momento que os alunos não deixem de pagar”.

UNIVERSIDADE REBATE
 A Universidade Brasil, através de nota, disse que o Instituto prestou serviço em outras gestões, e que não houve a comprovação “da entrega adequada dos serviços”. Ainda segundo a universidade, os prontuários dos alunos estão sendo analisados individualmente.

Sobre os possíveis pedidos de propina, a UB disse que “incentiva a denúncia e o registro pelos meios legais”.

Confira a nota na íntegra

A Universidade Brasil esclarece que o referido instituto prestou serviço para a IES no passado, ainda sob outra administração da UB, e que o caso está na justiça por divergência contratual. A empresa em questão não demonstrou a entrega adequada dos serviços e não apresentou relatórios técnicos que deem evidências do serviço contratado pela IES.

Sobre documentação e histórico de alunos, montamos uma Comissão Especial para análise e revisão dos prontuários de mais de 1800 alunos do curso de bacharelado em Medicina, para alinhamento à nova matriz curricular (2018-A). Os casos estão sendo analisados individualmente e apresentados aos alunos em seus termos específicos, admitindo-se contestação.

Ressaltamos ainda que, se houve algum tipo de conduta indevida de funcionário da universidade, mesmo que sob gestões anteriores, a UB incentiva a denúncia e o registro pelos meios legais, pois a nova gestão se pauta pela ética e pela transparência, e não compactua com condutas criminosas. Assim, garantiremos as apurações internas para penalizar e atuar contra os procedimentos inadequados.

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