ENTREVISTA

“A Santa Casa estava parada 60 anos no tempo”, afirma provedor SC Fernandópolis

“A Santa Casa estava parada 60 anos no tempo”, afirma provedor SC Fernandópolis

Confira a primeira parte da entrevista que o Extra.net realizou com Marcos Chaer

Confira a primeira parte da entrevista que o Extra.net realizou com Marcos Chaer

Publicada há 3 anos

Marcos Chaer assumiu a provedoria em dezembro de 2019


Gustavo Jesus

O Extra.net entrevistou nesta semana o interventor judicial da Santa Casa Fernandópolis, Marcos Chaer. Em outubro o economista completou 10 meses no comando da instituição – ele assumiu em 13 de dezembro de 2019 e foi indicado interventor em 18 de fevereiro deste ano -, sendo que sete destes no período mais crítico da saúde mundial em muito tempo: a pandemia do coronavírus.

Na entrevista Chaer fala um pouco sobre os desafios da gestão, a luta para montar a unidade de Covid-19 e como ainda há muitos desafios na gestão financeira da entidade. “Quando pegamos o déficit era de R$ 1,5 milhão por mês, e antes da pandemia equilibramos para cerca de R$ 300 mil/mês”.

CONFIRA HOJE A PRIMEITA PARTE DA ENTREVISTA

Situação financeira e pandemia

A gente começou a intervenção, logo depois veio a pandemia, então a gente esperava uma coisa, tinha uma projeção tanto de gasto quanto de investimento, eu tinha comprometido inclusive no plano de trabalho a fazer certos investimentos como o Pronto Socorro Pediátrico. A pandemia cortou nossas asas de certa forma, não usando ela para justificar mas foi um fato, o que atrapalhou nosso planejamento.

A gente estava começando a reduzir bem a folha, mas veio pandemia tivemos que contratar. Estamos com um saldo positivo de contratações no quadro de enfermagem. Muita contratação temporária, então quando elas acabarem teoricamente a gente consegue manter o quadro mais baixo. Hoje uma das coisas mais pesadas no hospital ainda é a folha.

Tivemos um bom número de colaboradores infectados por Covid, mas a maioria de fora da unidade, o que é surpreendente.

Ajuda de deputados

A questão de repasses do governo, não falo nem em valor, mas em quantidade de emendas, foi uma quantidade bem decente, tanto de deputados federais e estaduais. Todas com plano de trabalho certinho, carimbada onde você gasta. Estamos conseguindo girar o dinheiro, aumentou o número de cirurgia particular muito bem, apesar da pandemia. Mesmo com a pandemia, há uma demanda de anestésico muito alta, por exemplo, então a gente limita. Antes, por exemplo, iam 10 anestésicos para a cirurgia, hoje vão dois, e o resto fica para a unidade de Covid-19, então isso limita um pouco nossas cirurgias, mas mesmo assim a gente tá com um aumento bem decente na unidade de internação particular, de convênio propriamente dito, o número de atendimentos e internações aumentou. As eletivas a gente suspendeu muita coisa por causa da pandemia, mas a gente aos poucos está fazendo algumas coisas.

Empréstimos negociados

A gestão passada havia conseguido R$ 12 milhões de empréstimos com o BNDES, e as parcelas somadas dos empréstimos chegavam a R$ 460 mil. Com a redução dos juros, que a gente havia conversado com os bancos que entraríamos com ações revisionais para baixar as taxas de juros melhorou a situação. A Caixa fez um acordo com a gente no seguinte sentido: eles compraram a dívida dos bancos e jogaram na parcela com juros atual. Os juros caíram, o que foi fantástico para gente. Além disso conseguimos um capital de giro de R$ 5,5 milhões com plano de trabalho. Com esse dinheiro a gente conseguiu fazer investimentos. Queimamos muito caixa por causa da unidade de Covid e graças a esse dinheiro o hospital continuou.

Prefeituras e a ajuda na ala de coronavírus

Nós recebemos cerca de R$ 2,5 milhões do governo Federal de duas portarias do Bolsonaro, específico para Covid. É um dinheiro bem-vindo apesar da situação, mas você coloca que a unidade está aberta faz sete meses. O custo dela no começo era fantástico, tirando as equipes, depois ficou pesado, agosto e setembro passou dos R$ 500 mil, fora colaborador. A Prefeitura daqui manda 23 colaboradores, agora mandou médico para ficar de manhã lá, realmente nos deu um alívio fantástico, sem isso a gente não estava tocando.

A gente fez um pedido para as Prefeituras do nosso consórcio, pegou os números de internações, fez uma projeção, as reuniões estão gravadas inclusive, e levantou o custo desse paciente internado por diária. Macedônia, por exemplo, já custou R$ 20 mil seus pacientes, e a gente projeta que nos próximos três meses vai custar mais R$ 20 mil. Então eu gostaria de R$ 40 mil, vocês receberam R$ 200 mil, então dava tipo 13%. Não pedimos nada absurdo assim, ou manda funcionário e insumo para mim, a gente não pediu nem o dinheiro especificamente. A Prefeitura de Fernandópolis disse que ia mandar o dinheiro, mas eles tão mandando os colaboradores – e teve R$ 500 mil de duodécimo da Câmara. Calculo que o André tá gastando mais ou menos R$ 150 mil, então está ajudando sim. Macedônia e Mira Estrela já assinaram e mandaram o dinheiro. Guarani d'Oeste disse que vai assinar agora. Alguns prefeitos nem respondem, outros alegam que eles não têm responsabilidade, apesar da DRS discordar. Esses R$ 2,5 milhões se fizer as contas foram embora nos três, quatro primeiros meses.

Se não fosse esse empréstimo, e a situação da pandemia, a Santa Casa ia sangrar mais do que ela já está sangrando.


A entrevista completa você acompanha na versão imprensa de O Extra.net

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