ARTIGO

O BEM DE TODOS VEM PELO DIÁLOGO

O BEM DE TODOS VEM PELO DIÁLOGO

Por Pe. Mário Roberto Faria

Por Pe. Mário Roberto Faria

Publicada há 3 anos

O diálogo é intrínseco ao nosso crescimento individual, comunitário e social. Ele faz parte da nossa maturidade, pois, sem ele, surge o descompasso nas escolhas e decisões humanas, isso prejudica, fere e mata. Sem o diálogo não valorizamos a dignidade da vida, a dignidade do outro, a importância da natureza, enfim, tudo que é externo a nós. Por isso, não conseguiremos construir o bem sem o diálogo.

Como nos diz Martin Luther King Jr. (1929-1968): “Devemos aprender a viver juntos como irmãos ou perecer juntos como tolos”. O diálogo não é um jogar conversa fora, uma conversa rasa, uma conversa descomprometida, uma conversa que busca impor ao outro meu ponto de vista. O diálogo é o exercício de escutar e compreender o outro, o nosso interlocutor. O diálogo é uma via de mão dupla entre pessoas, entre instituições, entre membros de uma família e comunidades. Portanto, pelo diálogo não se busca impor, mas agregar, somar, atingir um denominador comum, um consenso. Desse modo, ele deve nortear a nossa socialização no mundo em vista do bem comum. O diálogo nos indica a superação de radicalismos, de extremismos. O diálogo abre espaço para a nossa participação na construção da tolerância, do respeito e do compromisso com o bem. Somente, assim, vence-se a cultura de morte que parece dominar o mundo nos dias de hoje.

A Campanha da Fraternidade de 2021 apresenta-nos o tema “Fraternidade e Diálogo: compromisso de amor”. Atualmente, sentimos a grande ausência do diálogo em diversas instâncias, a começar pela nossa própria vida individual, passando pelas nossas famílias, pelos nossos ambientes de trabalho, pelas nossas comunidades e pela sociedade como um todo. Por isso, a Campanha da Fraternidade e a quaresma constituem um apelo direto às nossas mentes e corações, motivando-nos uma profunda reflexão que nos leve a ações e atitudes de conversão. 

Sendo a quaresma um tempo propício de reconciliação, o diálogo aparece como uma luz forte a indicar caminhos para a fraternidade em um mundo marcado por divisões, ódios e polarizações. 

O Papa Francisco, em sua encíclica Fratelli Tutti, no parágrafo 188, admite a “urgência de se encontrar uma solução para tudo o que atenta contra os direitos humanos fundamentais”. Nesse sentido, é preciso nos abrir à vivência das relações dialogáveis como uma atitude que envolva a todos. 

É preciso gerar um mundo aberto, nos diz Papa Francisco. É necessário um “coração aberto ao mundo inteiro”, reafirma o papa. E é, sobretudo, no ambiente político que se faz necessária a abertura ao outro, para que o bem comum seja vivido. Certamente, a “fraternidade e a amizade social”, como nos apresenta o papa no subtítulo de sua encíclica Fratelli Tutti, nos levará a um novo encontro, que irá superaras divisões que vivemos hoje. Essa construção do bem comum envolve pessoas, famílias, comunidades, organizações sociais e instancias públicas. É uma tarefa de todos nós!

Para os cristãos e pessoas de boa vontade, a mensagem desta Campanha da Fraternidade fica clara: É no compromisso de amor que encontraremos novas formas dialogáveis, sem hipocrisia.

O diálogo deve ser vivido na proximidade que ultrapassa os limites geográficos, sociais, econômicos e culturais, mas atinge o íntimo de todos que é o coração. Assim, poderemos dizer que o bem comum nascerá da vivência do autêntico diálogo.


Pe. Mário Roberto Faria, Administrador da Paróquia São José Operário de Jales

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