A PROFESSORA DO

Professora Amelinha: “Eu amo dar aula, só paro se me demitirem”

Professora Amelinha: “Eu amo dar aula, só paro se me demitirem”

Entrevista especial da semana: uma homenagem ao Dia dos Professores

Entrevista especial da semana: uma homenagem ao Dia dos Professores

Publicada há 7 anos


Uma imagem que nos faz recordar de suas aulas: gesto “símbolo” de Amelinha ao pedir a atenção dos alunos



Por João Leonel


Natural de Campinas, Amélia Alcântara Guerra, com apenas dois anos de idade, mudou-se com os pais para o município de Guaraci, e, posteriormente, residiu em Olímpia. Sua formação acadêmica começou no início da década de 60, na instituição estadual então denominada Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, a FAFI de São José do Rio Preto, que, em 1979, teve o nome alterado para Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas (IBILCE), com o campus pertencendo, desde aquela época, à Universidade Estadual Paulista (UNESP). Cursou Letras e se formou em 1965. Mas, sua trajetória como educadora começara um ano antes, quando já lecionava no Cultura Inglesa e no Senac, em Rio Preto, e também na rede pública, em Cosmorama. "Também dava aulas no cursinho da faculdade", recorda. É possível ter uma ideia de como foi seu último ano de graduação. Rotina que não mudou muito desde então, pois, até hoje, aos 72 anos de idade, acumula aulas em diferentes colégios, de diferentes cidades. Conheça a história da "Professora Amelinha", nesta data especial para todos nossos mestres, 15 de Outubro, "Dia do Professor". 


EXTRA - Há quantos anos a senhora leciona? 

AMELINHA - Há 52 anos. Comecei a lecionar um ano antes de me formar, em 1964. Concluí o curso de Letras em 65. Por incrível que pareça, dava aulas de inglês, no Senac e no Cultura Inglesa, em Rio Preto, e também na rede estadual, em Cosmorama. E ainda dava aulas no cursinho da faculdade. 


EXTRA - Quando iniciou suas primeiras aulas de português, sua "marca registrada"? 

AMELINHA - Em Santo André. Logo depois que me casei, em 18 de dezembro de 1966, na cidade de Rio Preto. Agora em 2016 nós vamos fazer Bodas de Ouro. Meu esposo, Olívio José de Camargo Guerra, cirurgião dentista recém formado, já estava trabalhando em Santo André, e, claro, fui com ele para lá depois que nos casamos. Em Santo André lecionava na rede pública e em escola particular, na rede pública, português, na particular, inglês. 


EXTRA - E quando chegou a Fernandópolis? 

AMELINHA - Em 1969. Prestei concurso e me efetivei na rede estadual em 1970. Havia duas possibilidades de concurso, a primeira exigia o domínio de três línguas: português, inglês e alemão. A segunda, somente de português. Não prestei a primeira porque não dominava o alemão, apesar de falar inglês fluentemente. Isso, naquela época. Após me efetivar na rede pública, lecionei no Ginásio Estadual de Fernandópolis, que se incorporou ao antigo  Grupo Escolar Afonso Cáfaro, onde lecionei, sempre com aulas de português, até me aposentar, em 1992. 


EXTRA - Pelo seu currículo, sua vida em salas de aula parece ser uma continuação de seu último ano de faculdade. É assim até hoje?

 AMELINHA - Lecionei para a primeira turma de Letras da FEF, em 1990. Lá fiquei 17 anos. Também nessa época, dois anos antes de me aposentar, comecei no Colégio Objetivo, aqui em Fernandópolis. No ano seguinte, fui para a CooperJales, fiquei lá por 23 anos. Em 1993, comecei a dar aulas em Santa Fé do Sul, no Colégio Objetivo. Tudo isso ao mesmo tempo. Hoje, não dou mais aulas em Jales nem em Santa Fé, mas continuo no Incentivo COC, desde que foram desmembradas as turmas de ensino fundamental, que continuou no Objetivo, com a Regina, e de ensino médio, com o Célio, quando iniciou o COC. Sou professora exclusiva há 26 anos no ensino médio e no cursinho. Em
2008 fui para Votuporanga, depois de muitos convites que havia recusado. Dou aulas na CoopeVo "Dinâmica" e também na Escola "Passo a Passo", para alunos do ensino médio.   


EXTRA -  A sala de aula é que lhe fornece toda essa energia, todo esse "pique"? 

AMELINHA - Eu amo dar aula. É uma paixão para mim, no sentido de realmente ensinar, educar, e possibilitar oportunidades para que os alunos assimilem, pelo menos, 50% da norma-padrão ou língua culta. Faço questão absoluta de que o aluno aprenda. Tenho um desejo, um objetivo imenso: que o jovem domine a língua, não decore. O conhecimento abre portas, abre caminhos para a vida futura, para a vida profissional. Tive uma professora de inglês na faculdade, seu nome era Susy, que dizia assim: "Se numa sala de 50 alunos, dois realmente aprenderem, você pode se dar por satisfeita, sentir-se feliz". Só que eu não quero isso, eu quero muito mais, quero que o aluno sonhe com algo bom para ele, para o futuro. 


EXTRA - E seus alunos do passado, que vivem hoje esse "futuro" com o qual a senhora tanto se preocupa, existe algum contato com eles? 

AMELINHA - Muitos se esqueceram, mas há também muitos que ainda se lembram. O Luiz Henrique Catanozi sempre me presenteia. Já ganhei uma orquídea dele, anteontem, pelo Dia do Professor. Há também duas ex-alunas, a Celeste Antenore, que ficou no meu lugar na FEF, e a Fabiana Rizzato, que me substituiu em Jales. Fico feliz, muito feliz em ver que eles estão brilhando como excelentes educadores. Os jovens precisam desejar ser vencedores, uma vez que o conhecimento é algo que ninguém, jamais, consegue roubar-nos. E aproveito para dar os parabéns a todos nós professores.


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