PREÇO ALTO!

Enfermeiros relatam exaustão com a piora da pandemia em Fernandópolis

Enfermeiros relatam exaustão com a piora da pandemia em Fernandópolis

Insônia e medo da contaminação são alguns dos efeitos da pandemia na saúde mental de tais profissionais

Insônia e medo da contaminação são alguns dos efeitos da pandemia na saúde mental de tais profissionais

Publicada há 3 anos

Breno Guarnieri

“A princípio eu senti medo, insegurança e incerteza pelo fato de ser um vírus desconhecido e agressivo em muitos casos, mas, como amo a minha profissão, resolvi encarar o desafio”.

O relato da enfermeira Francieli Gomes, 34 anos, que atua na linha de frente no combate ao novo coronavírus, na Santa Casa de Fernandópolis, ilustra o cansaço e a apreensão dos profissionais de saúde frente ao aumento do número de hospitalizações em razão da Covid-19 no município.

Apesar do cansaço físico, Francieli diz que o desgaste psicológico é pior. “Se torna preocupante, pois ao mesmo tempo que cuidamos de pacientes, podemos ser pacientes também, ou ter um familiar em um dos leitos, tornando-se ainda mais preocupante o fato de haver a superlotação que vemos atualmente”, diz.

Ainda de acordo com Francieli, que não foi infectada pelo vírus, neste um ano de pandemia, os plantões têm sido exaustivos. “São 12 horas de trabalho e dedicação total aos pacientes, pois mesmo os que estão em enfermaria tem todo aquele cuidado e restrições ao leito devido à vigilância respiratória”, ressalta.

O medo é real!

Testemunhar essa evolução da pandemia com a sobrecarga de trabalho, o medo da contaminação e o distanciamento da família tem sido uma preocupação do enfermeiro Ricardo Belentani, 36 anos, que também atua na linha de frente na Santa Casa local.

“Temos medo, pois tenho criança pequena e o momento está muito mais assustador em relação ao começo. É uma situação triste. Ao longo deste um ano de pandemia, com plantões de 12 horas, vi muitas pessoas perderem a vida. O desgaste psicológico e físico é muito grande”, destaca.

Por baixo do jaleco, há carne e osso, e Ricardo aponta o receio de se contaminar, fato que aconteceu em agosto do ano passado. “Minha família e eu nos contaminamos. Apesar de não termos precisado de internação, foram dias de angústia e medo. Realmente o psicológico fica abalado. Não conseguia dormir à noite e a qualquer momento eu tinha a sensação de falta de ar”.

Volta ao normal não ocorrerá tão cedo

Para os profissionais de saúde, a volta ao normal não ocorrerá tão cedo. “Peço a população que respeite o distanciamento social, não faça aglomerações, use máscara e respeite a vida”, resume Francieli.

“É isso. Estamos numa situação séria. A gente está na linha de frente e presencia jovens chegando ao hospital já em estado grave. Por mais que tenha a vacina, pense no próximo e nos seus familiares”, finaliza Ricardo.

Fernandópolis registrava, até o fechamento desta matéria, 106 óbitos por causa da Covid-19. 

Francieli e Ricardo, profissionais da saúde que atuam na linha de frente contra o novo coronavírus em Fernandópolis  



últimas