ARTIGO

MODELO DE NEGOCIO PESSOAL, DA INSTRUÇÃO A REFLEXÃO

MODELO DE NEGOCIO PESSOAL, DA INSTRUÇÃO A REFLEXÃO

Por Pablo Dávalos

Por Pablo Dávalos

Publicada há 3 anos

O que eu estou fazendo e como estou fazendo? todos em algum momento de nossas carreiras devemos refletir e nos perguntar: Qual é a nossa proposta de valor dentro de nossas atividades? Onde queremos chegar e porquê? O que estamos fazendo de nossa vida? O Business Model You, é uma ferramenta importante no desenvolvimento de carreiras, utilizada cotidianamente por gestores de alto desempenho e para colocá-la em pratica devemos iniciar respondendo estas complexas e tão pessoais perguntas. Podemos aplicar esta ferramenta importante da Engenharia de Produção nos retratos de nossas relações pessoais, que tanto influenciam nossas rotinas intimas e profissionais. Qual é minha proposta de valor e o que quero fazer de minha vida? Líderes competentes desejam inspirar e facilitar o dia a dia de alguém. Seja em nosso ecossistema de trabalho, entre nossos amigos, com nossa namorada ou familiares. Não adianta ser um bom engenheiro e em contrapartida ser uma má pessoa, um péssimo amigo ou um mau marido. O lado bom do BMY, ou seja, o modelo de negócios pessoal, é que ele pode nos ajudar a ser pessoas melhores profissionalmente ou ter uma conduta exemplar com aquelas pessoas com as quais mais nos importamos quando aplicamos em nossa vida.

  O que fazemos então para conseguir isso? Precisamos estar atentos as pessoas que nos amam e que estão sempre ao nosso redor nos piores e nos melhores momentos. Escutar atentamente para atender todas as necessidades e sempre que possível atender seus desejos. É claro que devemos sim expressar nossas opiniões de maneira clara, mas nunca de modo desrespeitoso. Quais recursos temos em mãos para influenciar pessoas? Quem somos nós e o que possuímos? Todos somos um conjunto de habilidades, somos observadores, temos um cérebro capaz de analisar e processar situações complexas, somos treinados para nos adaptar as mudanças que o mundo nos obriga, em muitos momentos somos confidentes de nossos melhores amigos e isso também é uma habilidade a nosso favor. De algum modo temos familiares mais novos e somos referência para eles. No meu caso por exemplo, tenho uma sobrinha de três anos, que ainda não descobri o que fazer para ela parar de destruir meus livros com seus rabiscos, mas eu chego lá e cada dia sei mais sobre a galinha pintadinha, patati e patatá, um tal de João Pedro e Maria Clara etc. Uma tal da Masha e um urso fazem parte dos meus intervalos para almoço e adaptei isso à minha rotina quando estou com minha sobrinha. Queremos ser pessoas melhores, seres humanos evoluídos espiritualmente para quem? Ora, para nossos familiares, equipe de trabalho, clientes, empresas com as quais nos relacionamos, amigos próximos, amigos de amigos, primos distantes, queremos ser amáveis com o zelador e com o presidente, com o engraxate e com o CEO. Porque o modo com o qual nos relacionamos com os mais simples demonstra o caráter e valor que temos dentro de nós para lidar com pessoas de qualquer nível.


  Mas dentro deste contexto, uma autoanalise é sempre bem-vinda. A hora da verdade é quando deitamos na cama após um dia desgastante e nos perguntamos quantos amigos temos? Devemos nos questionar se realmente somos boas pessoas e se tudo aquilo que dizemos ser soa mais como uma afirmação vazia ou uma verdade cheia de entusiasmo e orgulho. Se irrefragavelmente somos boas pessoas, então temos que ser ídolos de muitos e não contar nos dedos quais são as pessoas que nos admiram. Mãe e Pai devem ser desconsiderados quando forem responder esta análise. O termômetro pra ver se estamos no caminho certo, é se de fato somos queridos e benquistos por onde passamos, e quando não, está na hora de revalidar nossos conceitos e mudar comportamentos. Praticar a comunicação direta e pessoal, a escuta ativa, ter a sensação de conquistar uma conversa sincera, geralmente ouvir sem diagnosticar, algumas vezes praticar a comunicação escrita dando um simples parabéns por qualquer coisa que seja, validando os objetivos de uma pessoa estimada e praticando o alinhamento das expectativas das pessoas com relação a nós, faz muito bem para a alma, para amizades, para qualquer relacionamento no qual você esteja envolvido.

Nesta vida, quem te ajuda? Quem está sempre ao seu lado? Já parou para se perguntar isso? Ou seja, se neste momento sua vida mudasse drasticamente e você por infortúnio sofresse um acidente, tivesse um problema de saúde ou até mesmo perdesse um familiar próximo a você, se você estivesse em um momento de angustia ou sofrimento, quem iria te apoiar, pense em quem seria a pessoa (ou para os sortudos, as pessoas) que parariam suas próprias vidas para se importar com a tua e cuidar de você?

Perseverança, paciência e resiliência, tempo e dinheiro investidos em autoconhecimento e anos de conhecimento teórico para inspirar e facilitar a vida de pessoas é um processo longo que quase todos os gestores tem que passar. Investir em relações e marketing pessoal, conseguir bons resultados por qualquer lugar que você passar, obter relacionamento construtivo, procurar a inspiração e melhoria, ser ousado ao buscar desafios e ganhar experiência, todas são tarefas comuns para pessoas que lideram pessoas, mas que de modo algum fazem sentido se você não tiver alguém sempre ao seu lado para dividir suas conquistas. A maioria dos executivos são ótimos em empresas mas frios em relacionamentos pessoais com suas esposas, filhos e familiares. Sempre reflito no sentido e preço alto que se paga ao se investir em carreira e não em viver. Não faz sentido ser bom em tomar decisões gerenciais e ser péssimo ao decidir optar por não amar sua esposa.

Um projeto concretizado é ótimo mas o melhor projeto que podemos conceber é uma família reunida em um domingo ensolarado com uma mesa farta de comida ao som de risadas e piadas sem graça, com uma, duas ou três crianças ao fundo chorando e fazendo birra. Pelo menos para mim esta é a melhor definição de um bom projeto realizado. Para alguns o retorno de uma vida sacrificante é dinheiro, mas para outros e eu me incluo nessa lista é inequivocamente felicidade, harmonia, bem-estar, relações sadias e ambientes cada vez mais leves. Economia de tempo com pessoas negativas e assertividade em relações com pessoas de bem, doses de momentos inesquecíveis com aqueles que te rodeiam são o melhor retorno e a melhor produtividade que qualquer mestre de produção poderá produzir.


Pablo Dávalos

Engenheiro de Produção 

MBA executivo em Gestão Industrial pela FGV (em andamento)

Green Belt e Black Belt na metodologia Six Sigma

Gerente Administrativo e Consultor em PCP Planejamento e Controle de Produção

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