ARTIGO

CADÊ OS SERES HUMANOS QUE ESTAVAM AQUI?

CADÊ OS SERES HUMANOS QUE ESTAVAM AQUI?

Por Pablo Dávalos

Por Pablo Dávalos

Publicada há 3 anos

O fenômeno por trás do alvoroço econômico vivenciado nos últimos meses trouxe à tona o superfaturamento de alguns setores. Com o único objetivo de lucro a qualquer custo, a regra era clara: maximizar fatias de mercados através da exploração de serviços como delivery, vendas através de aplicativos praticando preços abusivos muito acima dos limites estabelecidos em tempos anteriores não muito distantes. Estas estratégias maquiavélicas, acabaram levando alguns setores a tirar proveito da situação e assim obterem opulência em seus sistema produtivos ou comerciais. O setor alimentício, como grandes supermercados atacadistas, foram os que mais demonstraram crescimento as custas do caos e procura frenética por mantimentos, em diversos momentos incentivado por questões políticas. Os holofotes deixaram em evidencia que o palanque político, prevalece mesmo em momentos onde o luto e bom senso deveriam ser protagonistas em sinal de respeito aos muitos infortúnios familiares sofridos.

No futuro não tão distante, a tendência é a mesma que há séculos conhecemos: os pobres e desprivilegiados vão ser os mais afetados, serão os mais prejudicados. Inúmeras famílias, apenas por dependerem da renda levantada a cada dia e obviamente por não possuírem a estrutura de poucos brasileiros de ter uma conta poupança, findam seus dias sem condições até mesmo de prover o sustento básico para seus entes queridos e próximos. Embora todos tenhamos conhecimento de que os mercados e sistemas econômicos internacionais têm passado por um grave declínio, não tivemos a empatia de enxergamos ainda a situação paupérrima de milhões de brasileiros assolados pela fome. Se dezenas de Países considerados desenvolvidos podem sofrer consequências devastadoras por um vírus, imaginemos o que a fome originada por determinações e imposições políticas poderiam causar. O efeito destrutivo, dizimador, brutal, feroz e corrosivo da fome é irreparável. Se você não acredita espere até o seu filho pedir algo para comer e você não ter um centavo no bolso para poder comprar. E isto é muito comum, pois volto a citar, boa parte da nação senão a maior parte da população, trabalha para sobreviver e não possui fundo de reserva como os poucos abastados da sociedade que são a favor do fechamento das cidades, sem considerar os diversos fatores envolvidos em seus manifestos, protestos, vídeos e artifícios usados manuseando um notebook ou smartphone de última geração.

Costumo dizer que a procura por felicidade enfatizando apenas coisas materiais nos leva a trilhar uma estrada que nos conduz a lugar algum. É fato que a tentativa de preencher a nossa vida com recursos financeiros apenas nos deixa cada dia mais vazios. Existe muito mais na vida do que simplesmente ganhar dinheiro, ou no caso de políticos, serem eleitos. Gostaria de elevar esta reflexão aos homens, autoridades, e detentores de cargos públicos que hoje representam o povo, para que de uma vez por todas deixem de colocar seus interesses propriamente políticos ou comerciais acima da necessidade alheia. É oportuno vocês deixarem de serem oportunistas, caso queiram ser lembrados com sentimentos nobres e não com enjoos e asco por parte de seus eleitores. O mesmo vale para os comerciantes que deveriam prestar serviços aos seus clientes neste momento, e não fazerem deles escadas para seus enriquecimentos alicerçados em danos colaterais. Em dias como os de hoje, os comerciantes deveriam colocar seus corações e espirito de liderança à prova, deveriam mostrar com maestria sua inteligência financeira e habilidades de empreendedorismo, para sutilmente criar estratégias sustentáveis para cativar seus clientes, e não simplesmente adotar o amadorismo comercial de subir os preços com a desculpa de que “a matéria-prima subiu demais”.

Se todos optamos por sermos egoístas, a ponto de permitirmos que a felicidade, sentimento de contentamento e sensação de segurança que temos, estarem ligados a bens materiais, enriquecimento e exploração da situação alheia, qualquer princípio de economia entra em colapso repentino, e em pouco tempo o efeito dominó atinge todo mundo com doses de desanimo, abatimento e depressão, a improdutividade será geral e não haverá remédio para injetar doses de motivação capazes de fazer tudo voltar ao normal. É sábio o mesmo conselho: use a galinha dos ovos de ouro de acordo com sua produção diária, mas não seja tolo estrangulando a galinha na ambição de obter mais ovos ou querer entender o seu mecanismo, pois quem muito quer nada tem.


Pablo Dávalos

Engenheiro de Produção

MBA executivo em Gestão Industrial pela FGV (em andamento)

Green Belt e Black Belt na metodologia Six Sigma

Gerente Administrativo e Consultor em PCP Planejamento e Controle de Produção

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