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Fé: a força que move a vida

Fé: a força que move a vida

Uma história de superação e conquistas na vida da “Dra Selma"

Uma história de superação e conquistas na vida da “Dra Selma"

Publicada há 8 anos


Dra  Selma tem se destacado como plantonista da UPA  e vem conquistando o carinho e  admiração dos pacientes



Por Josanie Branco


H á momentos em nossas vidas que nos sentimos pequenos, fracos, inseguros e incapazes de reagir e vencer algumas dificuldades que vivemos. Certamente isso também já aconteceu com toda humanidade e não foi diferente na vida de Selma Marques Vinhola, a “Dra Selma”, que através da fé, descobriu a força, a capacidade e seu verdadeiro poder, superando momentos de tristeza e dor. Vítima de um AVC (Acidente Vascular Cerebral) hemorrágico, quando estava no último ano do curso de medicina, Selma vivenciou a mais dura experiência de sua vida, que lhe causaria mudanças de sonhos e projetos. Em entrevista especial ao “O Extra.net”, simpática, de sorriso fácil e bom humor, “Dra Selma” contou um pouco de sua história, a superação e o apoio dos filhos e da família nos momentos mais ‘obscuros’ de sua vida. 


O EXTRA: Depois de anos de estudo e dedicação, como foi para você, na reta final da faculdade ser acometida por um AVC? 

SELMA: Foi muito difícil, sempre tive uma vida muito ativa e cuidava da saúde, sempre fui meio naturalista. Tinha uma rotina incessante de trabalho, estudava e fazia muitos planos. Na época eu estagiava na UTI Neo Natal, quando, de repente, veio a enfermidade, ali estava eu, em uma cama e com parte do meu corpo paralisada. O tempo todo eu estive lúcida, sabia o que estava acontecendo, fiquei seis dias na UTI e depois em um longo processo de recuperação. Mas eu nunca desisti de mim, afinal, Deus não desistiu de mim. Passados dois meses do AVC, voltei para a faculdade e fui concluir meus estudos, embora com minhas limitações decorrentes da doença eu nunca pensei em parar. 


O EXTRA: Como foi para você concluir a faculdade? Em algum momento você teve medo de não conseguir exercer a profissão? 

SELMA: Concluir a faculdade, ver meus filhos e minha família comemorando essa minha conquista foi maravilhoso, uma festa linda.  Naquela época eu chorava muito, todos os dias, mas ao poucos fui me refazendo, sempre me dediquei inteiramente no que faço, sou muito exigente e acredito que isso me ajudou a me reerguer. Aos poucos larguei a cadeira de rodas e fui me locomovendo sozinha, voltando a acreditar no meu potencial, embora eu ainda tenha muitas limitações físicas. 


O EXTRA: Após o término da faculdade, em decorrência das sequelas deixadas pelo AVC, você teve dificuldades para entrar no mercado de trabalho? 

SELMA: Com o fim da faculdade fui fazer especialização em endocrinologia, eu ia uma vez pro mês para São Paulo. Também fazia muitos estágios e procurava aprimorar cada vez mais meus conhecimentos, para minha felicidade, fui a primeira da minha turma a arrumar emprego, contratada para trabalhar em Magda, lá fiquei por cerca de dois meses e logo tive uma proposta ainda melhor na cidade de Nhandeara, onde trabalhei por mais de três anos, em uma unidade de PSF (Programa Saúde da Família), até que no início de 2016 decidi que era hora de voltar para minha terra natal. Estou clinicando em Fernandópolis desde maio, com meu consultório e ao lado dos meus familiares.  


O EXTRA: Você também tem se destacado, nos últimos meses, como uma das profissionais da UPA (Unidade de Pronto Atendimento). A que você atribui esse carinho que os usuários da unidade têm com seu trabalho? 

SELMA: Sempre me sensibilizei muito com as pessoas, trato todos com muito carinho e respeito, quero saber o problema dos pacientes, conhecer os motivos e fazer minha parte para ajudar, para fazer com que as pessoas sintam-se melhor. Para mim, a mais perfeita criação de Deus é a humanidade e todos devem ser bem tratados. Trabalhar na UPA, fazendo o atendimento clínico, tem sido uma experiência maravilhosa, essa unidade foi um ganho fantástico para Fernandópolis e a equipe de profissionais é excelente. A princípio fui meio insegura, pelas minhas limitações, mas sempre tive apoio de todos e uma ótima receptividade da população. Hoje vejo que minha limitação não está sendo problema. 


O EXTRA: Como surgiu seu interesse pela área da saúde? 

SELMA: Antes de ser médica eu já trabalhava na saúde, sou apaixonada por essa área. Eu era farmacêutica bioquímica, fiz mestrado, tinha meu laboratório e também dei aula na faculdade por 14 anos, só parei com a docência quando entrei no curso de medicina.  Estudar as pessoas sempre foi minha especialidade, principalmente quan do o assunto é a Diabetes. 


O EXTRA: Você citou a importância da família no seu processo de recuperação. De que forma você recebeu esse apoio? 

SELMA: Minha família é uma benção, minha mãe é maravilhosa, é tudo, e sou muita grata pela vida dela, que nunca saiu de perto de mim, sempre tendo um cuidado e preocupação especial comigo.  Meus dois filhos, de 17 e 19 anos, são presentes de Deus, eles cuidam de mim, da casa e me auxiliam em tudo, afinal não é fácil ter um lado do corpo sem movimentos, isso dificulta na execução de muitas tarefas e graças aos meus filhos consigo realizá-las. Temos uma relação maravilhosa, de muita harmonia. Eles são tudo para mim. 


O EXTRA: Passados momentos de dificuldades, tristeza e também superação. Qual avaliação você faz da sua vida? 

SELMA: Foram anos difíceis, na época do AVC todos pensavam que eu ia morrer, fiquei muito debilitada e perdi todos os movimentos do lado esquerdo do corpo. Um misto de emoções e sentimentos passaram pela minha cabeça, mas eu decidi lutar, fui me superando dia a dia e, com a ajuda de profissionais da saúde, me tratando e me fortalecendo até chegar onde estou. Há dias que é mais difícil, mas busco forças para viver e vencer. Sou um milagre. 


O EXTRA: Em algum momento, você já se revoltou com a vida? 

SELMA: Nunca me revoltei, nunca desacreditei, embora eu busque, todos os dias, uma explicação, tento entender os motivos, mas não culpo Deus  e ninguém pelo ocorrido, aprendi a viver assim, me adaptei as mudanças e refiz meus hábitos. Eu amava viver, gostava de sair, passear, me arrumar. Tinha uma vida social ativa, sempre tive um bom relacionamento com as pessoas, e hoje tudo mudou. A sociedade não está preparada para receber pessoas com deficiência, ainda há muito que se conquistar neste sentido, então, muitas vezes, prefiro ficar em casa. 


O EXTRA: Quais seus projetos para o futuro? 

SELMA: Continuar em Fernandópolis. Quero que as pessoas reconheçam meu trabalho e vejam que embora as pessoas tenham limitações, isso não as impede de ter potencial. Quero ficar perto da minha família e fazer meu consultório crescer, continuar atendendo na rede pública de saúde e ser feliz ao lado das pessoas que amo.



Dra. Selma concede entrevista à jornalista Josanie Branco em seu consultório



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