ARTIGO

A APOTEOSE DA DESINFORMAÇÃO E A CRIAÇÃO DAS NOTÍCIAS FALSAS (Parte 2)

A APOTEOSE DA DESINFORMAÇÃO E A CRIAÇÃO DAS NOTÍCIAS FALSAS (Parte 2)

Por João Eduardo Carvalho*

Por João Eduardo Carvalho*

Publicada há 3 anos

Continuando a linha de raciocínio anterior, superada a questão da informação falsa fora da bolha bolsonarista, devemos voltar nossos olhos para esta agora, uma vez que é bem diferente.

A propagação de notícia falsa de cunho bolsonarista tem como objetivo, obviamente, beneficiar o Presidente da República, seja inventando fatos que melhorem sua imagem ou reutilização de informações velhas ou ainda, usando uma “bomba de fumaça” para tirar o foco de alguma informação (séria) que esteja maculando (ainda mais) o governo do capitão.

A verdade é uma só, um dos núcleos políticos do bolsonarismo é a divulgação de informações falsas, seja com o intuito de endeusar o Presidente, atacar opositores (que são muitos) ou ainda, para convocar militantes e simpatizantes para carreatas. Toca o berrante, seu moço!

Talvez o modelo de notícia falsa da vez sejam aqueles relacionados com a pandemia, como o uso de medicação sem comprovação científica, a bizarra e monstruosa imunização de rebanho ou as críticas às regras de combate ao coronavirus. A rede de desinformação até ganhou um nome carinhoso, gabinete do ódio. 

Vamos destrinchar modus operandi da rede de desinformação do Messias. Fica claro, depois de ver tanta baboseira, que o absurdo soa como normal para os grupos fanáticos de eleitores do Presidente – Cloroquina. E neste sentido, a tal da Cloroquina foi um dos objetos que mais foram utilizados como informação falsa, inclusive no depoimento da infectologista Luana Araújo, a médica teve de desmentir, mais de uma vez, absurdidades trazidas pelos defensores do tratamento precoce. 

Aliás, nesta ocasião, surgiu (ou ressurgiu) a informação falsa da semana! A fala do senador Luís Carlos Heinze (PP/RS), inacreditavelmente envolvendo a ex-atriz pornô Mia Khalifa (que ela teria financiado pesquisa sobre a hidroxicloroquina). É muito engraçado, mas não podemos deixar de pensar: 1). Ou o Senador utilizou desse subterfúgio para tentar ganhar o argumento ou 2). o senador caiu na informação falsa divulgada pela própria rede bolsonarista. Na primeira hipótese, temos a figura desesperada de um membro a tropa de choque do Palácio do Planalto no depoimento brilhante de uma cientista de renome e na segunda hipótese temos a figura do soldado abatido com tiro aliado. Lamentavelmente engraçado. 

Essa informação falsa foi feita em uma audiência de uma CPI, imagina o que ronda os grupos do “zap-zap”.

A própria candidatura de Bolsonaro foi marcada por fake-news e, no Brasil, saber dominar a desinformação é crucial para uma vitória eleitoral, aparentemente. Seria comico se não fosse trágico, o governo Bolsonaro também é marcado por informações falsas (de teorias da conspiração também, mas é outra conversa).  O eleitor bolsonarista acredita em fake News, caso contrário não seria eleitor de Jair Bolsonaro. Desde as mais bizarras (como a da Mia Khalifa, que, sério, é a segunda vez que o nome da moça aparece na CPI), até as produzidas de forma mais inteligente (que não deixam de ser falsas), como a própria cloroquina, ivermectina e cia. 

Diferentemente das informações falsas que não são de cunho bolsonaristas, as que são diretamente ligadas ao Presidente da República são mais toscas e bizarras, sendo por óbvio (para quem não esta na bolha) que se trata de fake News. Os simpatizantes de Bolsonaro até podem desconfiar e, quiçá, não acreditar na balela, mas divulgam mesmo assim, justamente pelo “bem maior”, ajudar o mito. O combate ao compartilhamento e produção de informações falsas é muito difícil, talvez impossível. Porque não é apenas combater, os fanáticos bolsonaristas não se importam se é verdade ou não, o que é importante é o capitão continuar firme em sua jornada contra o comunismo internacional petista-tucano europeu financiado pelo partido democrata americano e pela ONU e o Bill Gates. 

Não adianta nada desmascarar o fake News, os simpatizantes vão continuar acreditando (ou fingindo acreditar), não adianta nada mostrar estudos, eles vão falar que é coisa de comunista. E, na última hipótese, vão tirar alguma informação falsa da cartola (que pode ou não envolver nome de alguma atriz pornô). Diferenetemente da desinformação comum, a densinformação bolsonarista é um comportamento inerente ao próprio bolsonarismo. Enfim, não há muito o que fazer, a única alternativa que vejo é a vacinação em massa contra a febre aftosa, e nem sei se dará resultado. 


Por João Eduardo Carvalho

João Eduardo de Lima Carvalho é advogado pós-graduado em Direito Eleitoral e Consultor Político

e-mail: eduardocarvalho1293@gmail.com

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