ARTIGO

A Pobreza

A Pobreza

Por Odair Martins

Por Odair Martins

Publicada há 3 anos

Pobreza e riqueza são temas recorrentes da comunicação social: na literatura, no cinema ou na informação neste tempo de pandemia . A literatura cor de rosa recorre ao mundo do sonho, onde milionários em grandes mansões e rodeados de luxo parecem os mais felizes, ou então, nos lugares mais paradisíacos, já não parecem criaturas deste mundo, mas semi-deuses inundados de felicidade.

Na literatura de viagens e nos documentários publicitários, a pobreza é espetáculo. Na Índia super povoada, na selva sul-americana, no continente africano ou nas ruas escuras das metrópoles ocidentais onde as pequenas bolsas de miséria tendem a aumentar, há bons cenários para a fotografia artística, para as cores dramáticas ou para o refinado  preto e branco.

Os objetivos são variados, mas denota uma relativização do essencial do ser humano, as abordagens desviam o olhar daquilo que ele é para aquilo que ele tem. Se o homem tem uma vida econômica segundo os padrões da normalidade, passa despercebido se é extremamente rico ou pobre super- milionário ou miserável tem tratamento noticioso.

Tornou-se lugar-comum a pergunta acerca das razões da pobreza e da miséria de uma parte significativa dos habitantes do Brasil. Se há recursos para a humanidade inteira, por que razão se morre de fome? Será um problema de caráter administrativo ou uma incapacidade logística de organização para uma adequada distribuição? Será que a mesma humanidade que conseguiu progredir nas tecnologias e nas ciências, que debelou tantas doenças antes incuráveis, conquistou o espaço, explicou muitos mistérios da vida, não é capaz de levar uns caminhões de arroz às zonas de fome? E, no que toca à pobreza espiritual, à solidão e abandono, indiferença e maus tratos? Não haverá solução no coração de uma humanidade dotada de consciência e razão?” Se temos dinheiro e tecnologia para construir estádios, com tamanha rapidez, igrejas que investem milhões nas construções de grandes e luxuosas catedrais e por que não construímos casas, hospitais, orfanatos, asilos, por que não despoluímos os nossos rio? Porque não destinar dinheiro para as redes de esgoto e água, em 2021 mais de 100 milhões de brasileiros não tem acesso ao sistema, e memos da metade dos esgoto gerado é  tratado sendo descartado diretamente na natureza. Dados da Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) do IBGE, que coletou diversos indicadores socioeconômicos das famílias Brasileiras. Crescemos, mas ficamos crianças em humanidade. Aumentou o cérebro mas o coração ficou pequeno. Construímos cidades, mas excluímos alguns para as selvas ou para as ruas sem-abrigo. Com o forno elétrico fazemos pão em abundância que mata uns de fartura e outros de fome. Admitimos uns em nossas igrejas e ao convívio feliz das nossas relações e deixamos outros às portas da solidão.

Entre os muitos problemas que afetam a humanidade, o da justiça e equidade na distribuição dos bens da terra, juntamente como da partilha dos recursos espirituais, são, sem dúvida, dos mais importantes, que não se resolvem com leis adequadas, mesmo que elas sejam de suma importância. A outra parte está em cada pessoa, no modo como se encaram a vida, os bens e os outros estão no coração onde se jogam sentimentos e atitudes variadas, que vão da dádiva ao amor, do ódio ao egoísmo.

Em Jesus  temos o mais belo exemplo de generosidade, amor e partilha.  Vai ao essencial, pois partilha o que tem. E partilha o que É, num dom total de si mesmo a Deus e ao próximo É uma vida tocante pela sua autenticidade e mais ainda por provir e é tão grande nos sentimentos. Belo testemunho  arrastar-nos para  uma vida como Deus.

O seu ouro e a sua prata estão cobertos de ferrugem, e essa ferrugem será testemunha contra você e, como fogo, comerá o corpo de vocês” ( Tg 5.3)


Por Odair Martins

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