Nos dias 09 e 10 de outubro deste ano, deu-se em Roma a abertura do caminho sinodal, com a finalidade de preparar e fazer acontecer mais um Sínodo, que finalizará em outubro de 2023. Este Sínodo tem características muito próprias: primeiro, porque será descentralizado, com um processo a ser realizado em três instâncias; segundo, a temática é de grande valor pastoral e teológico: “Por uma Igreja sinodal: comunhão, participação e missão”.
O caminho sinodal acontecerá em três instâncias de reflexão, até 2023. A primeira delas e, pode-se dizer a mais importante, porque é a base de consulta com um grande exercício de escuta, se dará nas Igrejas Particulares, ou Dioceses de todo o mundo. Com abertura neste domingo, dia 17, o processo de escuta se estenderá até março de 2022.
As Dioceses são convidadas a realizar uma assembleia pré-sinodal, momento de encontro com sua realidade eclesial e oferecer suas contribuições às Conferências Episcopais de seu país. Estas são a segunda instância, assim, num processo participativo, recolhidos os resultados, então, as Conferências farão uma síntese e entregarão à Comissão Especial para o Sínodo, a fim de que se prepare um Documento de trabalho.
O Papa Paulo VI, antes de terminar o Concílio Vaticano II, ouvindo o clamor dos padres conciliares em manter viva a chama da partilha, da experiência colegial experienciada durante o Concílio, instituiu o que chamamos de Sínodo. No aniversário de 50 anos desta instituição, o Papa Francisco afirmou que “é precisamente este caminho de sinodalidade que Deus espera da Igreja do terceiro milênio”, ou seja, para ele, a sinodalidade “é dimensão constitutiva da Igreja (cf. Discurso de 17/10/2015).
A palavra Sínodo vem do grego Syn-hodos que significa “caminhar juntos” ou “fazer juntos um caminho”. Deste significado, que parece simples na sua compreensão, mas comprometedor e difícil para se colocar em prática, decorre o modo de ser da Igreja. A sinodalidade na Igreja Povo de Deus, “manifesta e realiza concretamente o ser comunhão no caminhar juntos, no reunir-se em assembleia e no participar ativamente de todos os seus membros em sua missão evangelizadora” (cf. Comissão Teológica Internacional, 2018).
O Papa Francisco, desde o início de seu pontificado, vem se esforçando para colocar a Igreja nos trilhos da sinodalidade. Não é um caminho novo, contudo uma exigência atual de se retomar este caminho. Ser uma Igreja sinodal não é apenas um slogan ou uma metodologia de projeto a ser executado, mas é a essência da Igreja.
A Igreja é comunhão, é escuta (uma escuta recíproca em que cada qual tem algo a oferecer e a receber, a compartilhar e a aprender) e ela é e se faz como um caminhar junto. A sinodalidade é uma prática eclesial de comunhão, por isso mesmo, em sua essencialidade está o modelo Trinitário. A Igreja vive a exemplo da comunhão da Trindade Santa. O decidir caminhar conjuntamente é essencial num caminho de amor e de doação, conforme a proposta de Cristo, uma possível escolha oferecida a todos os batizados.
Fernandópolis, 14 de outubro de 2021.