Histórias do T

Fernandópolis e seus artistas?

Fernandópolis e seus artistas?

Por Claudinei Cabreira

Por Claudinei Cabreira

Publicada há 8 anos

O jovem escritor Wilson Granella, no tempo do lançamento de seu primeiro livro, “O Tóten do Amor”, conversando com seu amigo, o também jovem músico e artista plástico, Tito Montenegro.



Como vai a memória? Será que você que anda aí pelos sessenta,ainda se lembra das famosas Semanas Universitárias, Salões de Artes, Mutirão de Artes, Moart “Movimento XV de Abril, e do UFA “Roberto KenjiMiyamoto”?A maioria desses inesquecíveis eventos eram organizados na raça, com a cara e a coragem,  pela rapaziada da AFA – Associação Fernandopolense Acadêmica e do Centro Cultural Artístico de Fernandópolis.
Nesse tempo, boa parte do pessoal estudava fora, então as Semanas Universitárias sempre aconteciam durante as férias. Os nomes dessas feiras de artes quase sempre mudavam, mas o lema que reunia a brava moçada, permanecia inegociável, intocável: Unidos pela Grandeza da Cultura, que na verdade, foi inspirado no lema do brasão de Fernandópolis: Unidos pela Grandeza da Cidade.
Entre a metade dos anos sessenta até o final da década de setenta, Fernandópolis viveu um período de criação artístico riquíssimo, único na história da cidade. Jovens artistas plásticos, músicos, poetas, escritores, escultores e jornalistas, viravam a “Terrinha” do avesso, com o chapéu na mão, fazendo mágicas e milagres em busca de recursos para realizar aqueles famosos salões de artes. Eram tempos heróicos.
Me lembro e conheci bem de perto esse pessoal. E muitos deles, como José Antonio Alves da Silva, o Zecão, Tito Montenegro, Wilson Granella, Onivaldo Loverde, José Paulo Coelho, Rita Boer, Sandra Belúcio, Luís Antonio Possari, Marinho Lopes, José Ângelo “Dip”, Ivete Bataglia, Vic Renesto, João Fileto, Martimiano Siqueira, Valdecir Pateis e Bento Celso da Rocha, o Coxinha, ainda estão por aí. Para o andar de cima, foram os amigos inesquecíveis como o poeta e professor Armando Farinazzo, o jornalista e escritor Merciol Viscardi, o Lolão, os escultures João de Lima e Pedro Loverde, o caçula da turma, o artista plástico Bira Torricelli e por último o nosso querido poeta Leonardo “Leo” Cunha.
Sobre essa moçada e essa época, há episódios que mais se parecem com aquelas histórias do “arco-da-velha”. Esgotar o assunto neste espaço, além de ser um pecado mortal, é também missão impossível. Algumas passagens são inacreditáveis, hilárias, outras até comoventes. E eu, particularmente, ao lado de Tito Montenegro, Wilson Granella, Luís Antonio Possari, Carbureto e tantos outros, testemunhei algumas delas. Um dia ainda conto algumas dessas passagens memoráveis.
Uma delas aconteceu com o famoso Trio Parada Dura, formado por Onivaldo Loverde, Tito Montenegro e Bira Torricelli (in memorian). O trio ia expor seus quadros e esculturas no prédio da Assembleia Legislativa, em São Paulo. Era a chance de ouro, sonhavama partir dali, conquistar o mundo. Como o dinheiro andava curto como sempre, procuraram ajuda do nosso amigo Agnaldo Pavarini (n memorian), que na época, era o todo poderoso prefeito de Turmalina. E Pavarini, claro, ajudou.
O meio de transporte para a cidade grande? O mais inusitado que se tem notícia no mundo artístico. Quadros, esculturas e artistas, viajaram em cima da caçamba de um caminhão basculante da prefeitura. Lá pelas tantas da madrugada, a Polícia Rodoviária parou o caminhão com aquela estranha “carga viva”. Para o espanto do guarda, lá estava também o Agnaldo Pavarini, na boléia...
--- O senhor é mesmo o prefeito? Perguntou o incrédulo policial.
--- Sim, lá de Turmalina!
--- Me desculpe, senhor prefeito, mas se está viajando assim, nessa situação, é porque a coisa deve estar muito feia...mesmo! Não vou multar, não, está liberado. Pode seguir viagem!
Eram tempos duros, mas o idealismo falava mais alto. O velho lema “Unidos Pela Grandeza da Cultura”, era muito maior que todas as dificuldades juntas. Bons tempos aqueles. Semana que vem tem mais. Até lá.

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