Antônio e sua mãe esperam o dia de voltar para casa

Por Josanie Branco

Emoção e lágrimas marcaram o encontro de Antônio Gleymyson da Silva, 29 anos, e Sebastiana Oliveira da Silva, na manhã da última quarta-feira (7), na Santa Casa de Fernandópolis. Mãe e filho não se viam há mais de sete anos, desde que Antônio saiu de Roraima em busca de emprego no Estado de São Paulo.

Segundo relatos comovidos de Sebastiana, embora não tivessem contato físico, ela e Antônio conversavam com frequência pelo telefone e através das ligações ela tinha informações de que o filho percorria por diversas cidades, prestando serviço como pedreiro. A última conversa dos dois aconteceu no dia 26 de julho, desde então a mãe estava em busca de notícias sobre o paradeiro do filho.

O que Sebastiana não fazia ideia era de que Antônio estava internado, em goma, na Santa Casa de Fernandópolis. Ele foi vítima de um atropelamento no dia 27 de julho, quando saia de um bar próximo ao ‘trevo da Água Vermelha’, sendo atingido por uma moto. Em grave estado de saúde, Antônio permaneceu por mais de duas semanas na Unidade de Terapia Intensiva, entubado, e quando seu quadro apresentou melhoras foi encaminhado para um dos quartos da Unidade 2 do hospital, onde permanece até hoje.

A BUSCA

Sem nenhuma notícia dos familiares e nem de uma possível residência de Antônio,  profissionais da Assistência Social da Santa Casa saíram em busca de informações.Com o apoio da equipe do CREAS (Centro de Referência Especializada da Assistência Social) mantiveram contato nas cidades que constam em seus documentos, porém sem êxito. Com os passar dos dias, Antônio começou a se comunicar com os profissionais do hospital , por diversas vezes repetindo o nome de Roraima, estado onde vive sua família.

Com o auxílio da justiça, no dia 1º de dezembro a família de Antônio enfim foi localizada.

MALAS PRONTAS

Já em alta médica, Antônio permanecia na Santa Casa há quase cinco meses por não ter para onde ir e ninguém que cuidasse dele em Fernandópolis. Em decorrência do grave acidente que sofreu, ele anda com dificuldades, teve uma lesão neurológica, trauma pulmonar e vem apresentando alteração comportamental, com déficit de memória, só podendo deixar a instituição de saúde acompanhado por um familiar.

Assim que foi notificada sobre o paradeiro do filho, que ela afirma ter procurado obter notícias todos os dia, Sebastiana arrumou dinheiro emprestado, montou em uma avião e veio de Iracema/ RR à Fernandópolis, uma viagem de 4 mil Km. “Quando entrei naquele avião não consegui controlar a emoção, chorei muito por saber que iria reencontrá-lo”, confessou.

Abraço emocionado de Sebastiana e Antônio

O REENCONTRO

Depois de matar a saudade do filho e dar um forte e comovente abraço, Sebastiana  falou do planos de voltar para casa com Antônio. “Não vejo a hora de retornarmos juntos para Iracema, lá tem meu esposo e meus outros seis filhos, vamos todos juntos cuidar do Antônio e protegê-lo para que isso nunca mais aconteça. Eu sofri muito nesses últimos meses sem noticias e sem saber onde ele estava. Meu coração estava em pedaços, sentia que alguma coisa ruim acontecia com ele e em nenhum momento deixei de buscar informações sobre seu paradeiro”, disse a mãe com os olhos em lágrimas.

Sem condições financeiras para custear a viagem de volta, Antônio e sua mãe aguardam agora um auxílio do município, mas precisamente da Prefeitura, para que possam voltar para Roraima.

“O Antônio sempre dizia que só voltaria para casa quando conquistasse alguma coisa, mas eu sempre o quis perto da gente, então agora é hora de voltar, de estar do lado da família”, diz a mãe.

Profissionais da Unidade 2 ao lado de Antônio e sua mãe

AFETIVIDADE E CARINHO

Embora o momento seja de alegria para todos os profissionais do hospital, pelo reencontro de mãe e filho, a equipe da Unidade 2, que nesses últimos meses criou laços de carinho, afetividade e cuidados com Antônio, garante que sentirá muita falta do rapaz. “Estamos muito acostumados com ele, conviver com o Antônio já faz parte da nossa rotina de trabalho, ele conquistou o carinho de todos, cuidamos com amor e muita dedicação, é como se ele fosse da família. Sentiremos saudades”, comentou uma das enfermeiras.

No período em que permanece na Santa Casa, Antônio também recebe doações da comunidade. Muitas pessoas se mostram solidárias e ajudam oferecendo roupas, fraldas e produtos de higiene.

Para a despedida, a equipe preparou uma festa, que será realizada hoje e vai comemorar o aniversário de Antônio, que será no próximo dia 23. “Agradeço a todos, agora vou ficar com minha família”, diz o paciente.