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‘Minha força vem de um Deus que faz milagres’

‘Minha força vem de um Deus que faz milagres’

Maria Aparecida, a professora que venceu o câncer com fé e sabedoria

Maria Aparecida, a professora que venceu o câncer com fé e sabedoria

Publicada há 7 anos



Por Josanie Branco 


Apaixonada por crianças, pela profissão de docente e por sua família, Maria Aparecida Guimarães Santos jamais imaginou que pudesse experimentar a mais amarga experiência de sua vida após uma simples consulta de rotina médica.  Com apenas um toque, a doutora já pode diagnosticar um tumor de 11,5 cm na sua barriga, mas seriam necessários exames em mãos para confirmar a triste descoberta. Para Maria foram dias de tensão, medo e tristeza. “Na hora perdi o chão, não sabia o que fazer, senti que a minha vida estava ameaçada, fiz um mapeamento de tudo o que já tinha vivido, parece que meu coração batia na garganta, me lembro exatamente da dor e insegurança que eu senti. Foi quando liguei para o Padre Miguel, eu precisava ouvir palavras doces e que me fortalecessem e foi justamente essa a reação desse homem de Deus, meu grande amigo, ele me acalmou”, conta Maria Aparecida.


Contar a notícia para a família foi outro momento difícil e doloroso, mas que era necessário naquele instante. “Antes de contar para meu esposo e minhas filhas, falei tudo para uma de minhas irmãs, ela tinha passado um momento de grande perda, estava fragilizada ainda, mas me ajudou muito. Depois foi preciso contar para todos, só poupei minha filha que estava de viagem marcada para os Estados Unidos e eu não queria que nada atrapalhasse aquele momento importante na vida dela, então resolvi que só falaria do meu problema quando ela retornasse ao Brasil, o que ocorreu no prazo de um mês”, explicou.


A CONFIRMAÇÃO AUMENTA A DOR

Maria Aparecida e sua família já eram conhecedores do seu problema de saúde, mas não tinham noção da gravidade e só em um retorno ao médico, com todos os exames em mãos, é que viria o veredicto, que, para a infelicidade de todos, comprovou sua enfermidade, classificando como gravíssima, algo que naquele momento mudaria a vida de Maria Aparecida para sempre. “No momento em que a doutora abriu os exames e me falou sobre o tumor maligno, parece que sai de mim, naquele instante voltei meus pensamentos a Deus e pedi para que Ele abrandasse o meu coração, na hora fui me acalmando e sentia uma paz imensa, como eu nunca havia sentido antes, era o Senhor mostrando que estava cuidando de mim e naquele momento eu sabia que seria curada”, disse.


Embora sentindo-se fortalecida pela fé, os resultados dos exames mostraram uma realidade preocupante e obscura, Maria Aparecida precisava  ser submetida a uma cirurgia de urgência e começou seu tratamento no Hospital de Câncer da cidade de Jales, em poucos seus dias seu abdômen começou a crescer de maneira exagerada e a doença, que por tempos ficou silenciosa, começava a se manifestar de forma agressiva. As sessões de quimioterapia começaram logo assim que os exames foram todos refeitos. “As primeiras sessões foram as mais difíceis, meu organismo respondia ao tratamento de maneira agressiva, foram dias de mal estar, dores e a triste queda dos cabelos. Chorei muito, foi muito triste, mas eu entendia que a queda de cabelos era o menor dos problemas, que ele nasceria de novo, então o que eu pedia a Deus era saúde, vida e um milagre, afinal para a medicina eu teria no máximo seis meses de vida”.
 

Mesmo em um minucioso tratamento, Maria não via evolução no seu quadro de saúde, o tumor continuava a crescer, assim como as dores e ela estava cada dia mais debilitada, fraca e dependente das pessoas. “Achei que fosse o fim da linha para mim, os médicos disseram que tinham feito tudo o que estava ao alcance deles, que não havia mais opções de tratamento, fiquei totalmente dependente de cuidados e da solidariedade das pessoas, em especial das minhas irmãs, até nos meus banhos eu necessitada de ajuda. Mas como para Deus nada é impossível, eis que uma nova luz surgia me trazendo esperança”, lembra Maria.




UM NOVO TRATAMENTO

Inconformados com o parecer médico e entristecidos com a o quadro de saúde de Maria, que piorava a cada dia, seus familiares resolveram procurar uma nova orientação médica, desta vez na cidade de São José do Rio Preto, chegando lá eles foram informados de que seria possível uma cirurgia que talvez pudesse melhorar o quadro de Maria, porém não havia garantias de que o procedimento obteria o sucesso esperado. “Fiquei de pensar, afinal era uma decisão muito difícil a ser tomada, uma cirurgia de risco, mas também poderia ser a resposta que eu estava pedindo a Deus em minhas orações, eu tinha medo de não aguentar, pois estava muito fraca. Toda minha família, meu esposo, minhas filhas, meus pais e minhas irmãs sofriam ao meu ver naquele estado, eles achavam que eu não resistiria. Foi quando, através da minha fé, resolvi aceitar,entreguei a minha vida nas mãos de Deus, ele tinha o controle de tudo.  Fiz a cirurgia no dia 11 de fevereiro, o tumor já estava com 32 centímetros e comprimindo todos os meus órgãos. Também precisei tirar o útero, ovários, apêndice, todos os órgãos que já estavam comprometidos com o tumor, que havia se espalhado. Fiquei na UTI no período de observação e mais uma semana no quarto, quando recebi alta e pude voltar para casa. As pessoas sempre dizem que sou forte, mas não sou, forte é o Deus que habita em mim, foi Ele quem me levantou”, conta.          


O RETORNO

Passados 70 dias da cirurgia, ainda em processo de recuperação, era chegada a hora de Maria Aparecida ser submetida a novos exames para saber como realmente estava sua saúde. Para a felicidade de todos, os resultados foram surpreendentes e animadores. “Até os médicos ficaram surpresos, em me ver tão bem. Ainda estou em tratamento, vou ao médico para consultas de rotina a cada três meses e já não preciso mais tomar remédios. Jesus me curou”, afirma.   


GRATIDÃO

Maria, pessoa de muita fé, fala com carinho do apoio e cuidados que recebeu no momento em que mais precisava. “Minha família foi a minha base, todos cuidaram de mim com muita dedicação, também sou grata a todos que oraram por minha vida mim, pela minha comunidade, onde participo há quase 20 anos, ao padre Miguel, meu líder espiritual e aos meus amigos de serviço, pois embora eu seja aposentada como professora da rede pública, ainda trabalho no Colégio COC (agora estou de licença) e todos lá sempre tiveram um carinho especial comigo. Enfim, sou imensamente grata a cada uma das pessoas que se preocuparam comigo e em especial a Deus, que me amparava em cada momento de dor e desespero. Nunca questionei por estar daquele jeito, embora minha vontade fosse de viver, amo essa vida, mas eu sempre pedia ao Senhor para que fosse feita a sua vontade, eu dizia todos os dias ‘eis me aqui senhor’. Confesso que não é fácil, mas é preciso ser assim. Hoje agradeço a Deus por tudo, cada novo dia, pelo ar que respiro, pelo canto dos pássaros, por estar viva e com saúde, enfim tudo é motivo de agradecimento”, declara.        


PROJETOS

Como professora dedicada, Maria tem o desejo de poder um dia voltar a trabalhar, ter contato com as crianças, que ela afirma ser uma grande fonte de inspiração. Hoje ela dedica seus dias à família, auxilia nos cuidados com os pais, já idosos, em poucos afazeres da casa e da comunidade Santo Antônio, onde sempre fez parte de vários núcleos, dentre eles a catequese, liturgia e cânticos.
 Com sua lição de vida, por onde passa Maria também deixa sua mensagem de fé e esperança às pessoas. “É preciso que, independente da situação em que estamos vivendo, nunca percamos a fé, temos que ser persistentes, confiantes de que Deus está no controle de tudo. Todos os dias entrego minhas vidas nas mãos do Pai e sei que posso confiar. Que todos nós possamos  pedir fé e sabedoria do alto, isso certamente nos tornará mais fortes para enfrentar qualquer batalha e vencer. Eu venci, EU SOU UM MILAGRE”.   




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