EU SOU UM MILAG

‘Mesmo em tempo de aflição, Deus se faz presente’

‘Mesmo em tempo de aflição, Deus se faz presente’

Dotada de grande beleza e simpatia, Monise Branisso vive hoje uma nova história após passar à beira da morte

Dotada de grande beleza e simpatia, Monise Branisso vive hoje uma nova história após passar à beira da morte

Publicada há 7 anos


Por Josanie Branco


Completar 18 anos é o sonho de quase todos os jovens, que esperam a tão almejada independência e acreditam que a maioridade os possibilitará novas descobertas e conquistas. Para alguns, de fato esse momento chega com responsabilidade, já outros, apenas mais um ano de perspectivas. Para Monise Branisso, esse tão esperado momento é hoje visto como a maior batalha em meio a dor e a transformação de sua vida.


De uma beleza encantadora e atraente, sempre muita vaidosa, Monise sabia que por onde passava atraia olhares e isso elevava ainda mais sua autoestima, uma jovem sonhadora que queria alçar voos altos e conquistar o mundo.


Mas com a chegada dos dezoito anos, nem tudo foram flores como ela imaginava, porém, muitos espinhos e sofrimento fizeram parte dos seus dias e de longos meses em que ela precisou lutar bravamente.


Em 22 de novembro de 2014, passados onze dias do seu aniversário após muita insistência dos amigos, mesmo contra a vontade da sua mãe, Monise, que havia acabado de chegar da escola, aceitou o convite de ir a uma festa de aniversário.  Um ambiente regado de muita animação e bebidas alcoólicas. Lá, assim como os outros jovens, Monise se divertiu por altas horas e no momento de retornar para casa, já de madrugada, ela e um amigo saíram juntos pela rodovia e em alta velocidade. Aquela noite, que tinha tudo para acabar bem, certamente é lembrada hoje como o dia mais triste na vida de Monise, seu amigo não conseguiu manter o controle do veículo na curva, capotando sua caminhonete e caindo de um barranco sobre a Rodovia Euclides da Cunha. Naquele momento, a jovem de beleza exuberante seria marcada por cicatrizes profundas no corpo e na alma.


Após o acidente, Monise ficou gravemente ferida e não foi socorrida, permanecendo por cerca de três horas desacordada dentro do veículo, enquanto seu ‘suposto amigo’, que não sofrera nenhuma lesão, buscava meios de não perder seu veículo e sofrer danos materiais.



Veículo em que Monise estava no momento do acidente



Somente depois das 6 horas da manhã, Monise foi socorrida e conduzida à Santa Casa de Fernandópolis. “Lembrar daquele momento ainda hoje me traz muita tristeza, quebrei todas as costelas, perdi o baço, fraturei um ovário, uma trompa, tive três perfurações no pulmão, quebrei a bacia e uma perna. Foram vinte e oito dias de coma, tive três paradas cardíacas, fui submetida a 12 transfusões de sangue e via meu cabelo caindo todo, minha pressão e meus batimentos eram extremamente baixos e em poucos dias precisei ser submetida a uma cirurgia de traqueostomia. Após sair do coma, fiquei ainda mais duas semanas na UTI, onde passei meu Natal daquele ano e no Ano Novo eu fui para o quatro do hospital, onde permaneci por mais três semanas, tive pneumonia e infecção hospitalar, meu quadro era bastante delicado. Sem dúvida esses foram os piores dias da minha vida, eu sentia muitas dores e clamava pela misericórdia de Deus, foi exatamente ali que eu descobri a minha fé”, conta Monise.




Surpreendendo a medicina, mesmo em meio a tantos problemas e complicações, Monise foi lentamente apresentando melhoras e pode ir para casa, ainda sem andar e com a bacia quebrada, pois sua fragilidade a impedia de ser submetida a novos procedimentos cirúrgicos. “Eu fiquei pesando 30 quilos, me sentia toda quebrada e com dores intermináveis, foram seis meses de cama e quando fui fazer os exames para ser submetida à cirurgia da bacia, tive a notícia de que o procedimento seria desnecessário, pois havia colocado os ossos e eu poderia voltar a andar. Então comecei a fazer sessões de fisioterapia, pois meus nervos estavam atrofiados e minha perna não esticava mais. Foram meses de muita luta em que eu necessitava dos cuidados ininterruptos da minha mãe e da minha avó. Aos poucos fui sentindo melhoras, em julho do ano passado consegui voltar a andar sozinha. Precisei até mesmo aprender a mastigar de novo e aos poucos as coisas foram gradativamente voltando ao normal, meus cabelos cresceram e minha autoestima foi melhorando”, relatou.  


UM NOVO OLHAR

Mesmo com tamanha enfermidade Monise declara que mantinha a esperança, pois desde o dia em que saiu da UTI sente o cuidado de Deus, a presença Dele na sua vida.  “Lembro-me que quando eu estava internada e com muitas dores, via um lugar muito bonito, de paz, onde não tinha sofrimento nem dor, desde então eu sabia que o Senhor estava junto de mim, me amparando”.


Monise também faz questão de relatar suas mudanças de comportamento e pensamento, que hoje ela define como um crescimento espiritual, que a tornou melhor e mais grata. “Tenho outro olhar pela vida e em relação às pessoas, antes de todo sofrimento que passei, meus valores eram voltados à beleza, a vaidade, queria o corpo perfeito e fazia o que fosse necessário para isso, sem medir as consequências. Confesso que eu era orgulhosa, chata, tinha tudo o que queria e vivia o mundo da minha maneira. Arrependo-me de muitas coisas, mas infelizmente não posso mudar o passado, hoje consigo ver que aquilo era uma grande futilidade, agora eu sou a Monise de verdade, tudo é muito natural, e aprendi que a felicidade não está na imposição de padrões e status, mas dentro de cada um de nós. Naquele acidente eu morri para o mundo e acordei respirando outra fé,” desabafa.


Ainda afastada do emprego, Monise foi aos poucos retornando ao convívio social, mas agora, segundo ela, selecionando os lugares que frequenta e as pessoas que fazem parte do seu ciclo de amizades. Está concluindo o primeiro ano da faculdade de Direito e tem planos audaciosos para o futuro. “Quero ser uma grande profissional, prestar concursos e ser melhor a cada dia, sonho em constituir família e daqui alguns anos ter filhos, planejo ter uma vida feliz e abençoada, estando sempre ao lado das pessoas que amo”, conta.


Em relação ao acidente, Monise não vê problemas em falar do assunto, embora se entristeça com as lembranças, principalmente na omissão de socorro, em que ela foi a grande vítima. “Não desejo mal, falo de todo coração, apenas queria que ele reconhecesse seu erro. Mas creio que Deus sabe de todas as coisas”, pontuou.




O NASCER DA FÉ

De fala mansa e com muita doçura nas palavras, Monise conta sobre sua relação com Deus, que cresce e se torna mais íntima a cada dia. “Entreguei minha vida nas mãos do Pai, pois sei que só estou viva porque Ele assim permitiu que fosse e acredito que há um grande plano para minha vida. Todos os dias, logo que acordo, já começo agradecer por tudo, minha saúde, pelas pessoas que tanto oraram por mim, o ar que respiro e até pelos meus banhos, que eu aprendi a dar valor. Quero viver toda a minha vida servindo ao Senhor, fui para a Igreja e pude conhecer de perto esse Deus maravilhoso que as pessoas tanto falam. Quero ser melhor a cada dia, tentando errar menos e fortalecer minha fé. Não vivo mais eu, mas Cristo vive em mim. Tenho a certeza de que EU SOU UM MILAGRE”.


Bela e natural Monise faz planos de um futuro feliz e próspero



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