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Projeto social mobiliza futebol feminino e muda cenário em Fernandópolis

Projeto social mobiliza futebol feminino e muda cenário em Fernandópolis

Apesar do futebol feminino ainda lutar pela sobrevivência e enfrentar preconceitos, “As Belas da Bola” mostram que a modalidade é “coisa de menina, sim”

Apesar do futebol feminino ainda lutar pela sobrevivência e enfrentar preconceitos, “As Belas da Bola” mostram que a modalidade é “coisa de menina, sim”

Publicada há 1 ano

Equipe “As Belas da Bola” durante partida no estádio Cláudio Rodante, em Fernandópolis  

Breno Guarnieri 

A falta de ações que promovessem o futebol feminino em Fernandópolis motivou o projeto Formiguinhas a criar a equipe “As Belas da Bola”, que por meio do ex-jogador de futebol profissional Marcão, um dos coordenadores do projeto, objetiva difundir a formação para o esporte e a promoção sociocultural de crianças, jovens e adolescentes do município. Os treinos são realizados aos sábados, às 15h30, no estádio Cláudio Rodante. Hoje, a ação atende cerca de 40 mulheres. Além do mais, de acordo com Marcão, que atuou como jogador profissional por 12 anos e passou por equipes como Portuguesa, CRB, Atlético/GO, Coritiba, entre outras, o projeto auxilia na integração das atletas, possibilitando o sentimento de equipe, de pertencimento ao grupo, de desenvolvimento esportivo, mudança de comportamento e autoestima das jovens. 

O EXTRA: Como surgiu a ideia de montar o time “As Belas da Bola” dentro do projeto social Formiguinhas?

MARCÃO: A ideia de montar a equipe “As Belas da Bola” surgiu quando o projeto Formiguinhas começou a receber várias meninas querendo jogar futebol. Na ocasião, fizemos um trabalho bacana. O mesmo trabalho que fazíamos com os meninos, fizemos com as meninas, dando foco, concentração e treinamento pesado. Desta forma, uma (menina) foi chamando a outra para a equipe. Também dentro deste contexto sentimos a necessidade de uma equipe fernandopolense de futebol feminino e tem dado muito certo. 

O EXTRA: É possível traçar um perfil das jogadoras que fazem parte da equipe?

MARCÃO: São meninas que sonham em ser jogadoras de futebol e mulheres que tentaram ser jogadoras de futebol e estão realizando este sonho por meio do projeto. Na equipe tem mulheres de 30 a 40 anos. Elas sabem que não serão jogadoras profissionais, mas elas querem ter uma base, treinar em um estádio, treinar fundamentos junto a um treinador, ou seja, viver a realidade de um treinamento baseado no profissional. É isso que passo a elas por ter sido jogador profissional e agora na condição de treinador. Então o perfil da nossa equipe é: meninas de todas as idades que querem se tornar profissional e mulheres que ‘passaram da idade’ que querem viver esse momento.  

O EXTRA: Por que outros esportes são valorizados nas categorias femininas enquanto o futebol, que é o esporte mais popular, ainda é preterido?

MARCÃO: Eu vejo que o futebol ainda é um esporte que a concepção é para homens, em razão da força física, da brutalidade, entre outras questões que divergem opiniões. Mas isso está mudando. Eu acho que o futebol feminino não é tão visto por conta do machismo e do preconceito. 

O EXTRA: Em Fernandópolis, você sente que a situação da modalidade está mudando?

MARCÃO: Graças ao esforço das meninas da equipe “As Belas da Bola”, principalmente do projeto Formiguinhas, que ‘vestiu a camisa’ para tentar fazer essa mudança, a gente está vendo o cenário mudar. Já levamos cinco meninas para campeonatos. Temos duas atletas que passaram na avaliação (peneira) da Ferroviária. Em setembro, vamos realizar a avalição da Ferroviária em Fernandópolis para toda a região e isso está mostrando que a procura pelo futebol feminino em Fernandópolis e região está muito grande. Todo sábado, às 15h30, o projeto Formiguinhas está no estádio Claudio Rodante, em parceria com o Fefecê, com a equipe “As Belas da Bola”.    

O EXTRA: Para finalizar, fale especificamente sobre o projeto Formiguinhas. Como é desenvolvido? Quais as necessidades? Parcerias?

MARCÃO: Nossas necessidades se resumem a recursos financeiros e toda doação é bem-vinda, desde alimentação (lanche), artigos esportivos (uniformes, chuteiras, coletes, bolas, cones) e materiais de escritório (sulfite, pastas, canetas, toner). E as parcerias realizadas tem feito grande diferença no trabalho realizado, temos convênio com a Odontologia da Universidade Brasil, com as academias da cidade, com psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, podóloga e escolinhas de futebol.

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