MINUTINHO
Mágoa
Por: André Luiz/Chico Xavier
Se a mágoa lhe bate à porta, entorpecendo-lhe a cabeça ou paralisando-lhe os braços, fuja dessa intoxicação mental enquanto pode.
Se você está doente, atenda ao corpo enfermiço, na convicção de que não é com lágrimas que você recupera um relógio defeituoso.
Se você errou, busque reconsiderar a própria falta, reajustando o caminho sem vaidade, reconhecendo que você não é o primeiro e nem será o último a encontrar-se numa conta desajustada que roga corrigenda.
Se você caiu em tentação, levante e prossiga adiante, na tarefa que a vida lhe assinalou, na certeza de que ninguém resgata uma dívida ao preço de queixa inútil.
Se amigos desertaram, pense na árvore que, por vezes, necessita da poda, a fim de renovar a própria existência.
Se você possui na família um ninho de aflições, é forçoso anotar que o benefício da educação pede a base da escola.
Se você sofreu prejuízos materiais, recorde que, em muitas ocasiões, a perda do anel é a defesa do braço.
Se alguém lhe ofendeu a dignidade, olvide ressentimentos, ponderando que a criatura de bom senso jamais enfeitaria a própria apresentação com uma lata de lixo.
Se a impaciência lhe marca os gestos habituais, acalme-se, observando que os pequeninos desequilíbrios integram, por fim, as grandes perturbações.
Seja qual seja o seu problema, lembre-se de que toda mágoa é sombra destrutiva e de que sombra alguma consegue permanecer no coração que se acolhe ao trabalho, procurando s
CRÔNICA
O náufrago
Por: Autoria desconhecida
Após um naufrágio, o único sobrevivente do pomposo navio, agradeceu a Deus por estar vivo e ter conseguido se agarrar a parte dos destroços e poder ficar boiando em meio às altas ondas.
Este único sobrevivente foi parar em uma pequena ilha desabitada, fora de qualquer rota de navegação, sem qualquer possibilidade de ser resgatado, mas mesmo assim ele agradeceu novamente.
Com muita dificuldade e restos dos destroços, ele conseguiu montar um pequeno abrigo para que pudesse se proteger do sol, da chuva, de animais e, também para guardar seus poucos pertences restantes, e como sempre, agradeceu.
Nos dias seguintes, a cada alimento que conseguia caçar ou colher, garantindo sua sobrevivência, ele agradecia.
Imagem: Ilustração/Reprodução
No entanto um dia quando voltava da busca por alimentos, encontrou o seu abrigo em chamas, envolto em altas nuvens de fumaça, terrivelmente desesperado, ele se revoltou.
Gritava chorando:
- O pior aconteceu! Perdi tudo! Deus, por que fizeste isso comigo?
Chorou tanto que adormeceu profundamente cansado e inconformado com o desastre.
No dia seguinte bem cedo, foi despertado pelo som de um navio que se aproximava. Logo escutou vozes desconhecidas a chamá-lo:
- Viemos resgatá-lo, gritavam.
- Como souberam que eu estava aqui? Perguntou surpreso, o náufrago.
- Nos vimos o seu sinal de fumaça no horizonte! Logo viemos ao seu socorro.
Agradecido mais uma vez, o homem ajoelhou-se e, de mãos para os céus, pediu perdão.