Discussões
Por: Emmanuel/Chico Xavier
Hora de aborrecimento ou desagrado é tempo de silêncio e de oração.
Esclarecer, analisar, observar, anotar, mas toda vez que o azedume apareça, mesmo de longe, deixar o entendimento para depois.
Discutir, no sentido de questionar, é o mesmo que atirar querosene à fogueira.
Sempre que nos irritamos, nosso pensamento se liga nas áreas da perturbação ou da sombra.
Então, exageramos impressões, provocamos reações negativas e magoamos alguém.
E o pior é que as rupturas nas relações do lar ou do grupo fraterno principiam de insignificâncias.
Saibamos tolerar os dissabores da vida.
Aceitemos a reclamação alheia, esqueçamos a frase impensada ou o gesto de desconsideração.
Nunca valorizemos ocorrências desagradáveis ou futilidades que pretendam tisnar o otimismo.
Há quem diga que da discussão nasce a luz.
É provável seja ela, em muitos casos, um fator de discernimento quando manejada por pessoas de elevada compreensão. Em muitos casos, nada mais faz que apoiar a discórdia e apagar a luz.
CRÔNICA
Porteiro do mundo
Por: Autoria desconhecida
Conta-se que quando o doutor Eliezer Berenstein era apenas estudante de Medicina, deseja especializar-se em psiquiatria. Certo dia entrou na Enfermaria e foi atender a uma paciente. Enquanto se apresentava foi surpreendido com uma pergunta:
- Doutor... O senhor nunca sorri? Cuidado. Essa cara amarrada é sinal de algum problema.
A resposta dele foi de quem estava contrariado com a observação recebida:
- Estou bem, obrigado. A senhora é que deve estar com algum problema. Por isso, vim examiná-la. E foi logo levantando o lençol e o avental que a cobriam.
- É recém-formado? - Insistiu a paciente.
- Por quê? Perguntou preocupado.
- É que estou nua, a porta da sala está aberta e eu sou uma freira. Bem, mas não se preocupe. Já fui parteira neste hospital. Convivi com muitos médicos e sei reconhecer um bom profissional. O senhor será um ótimo obstetra.
Imagem: Ilustração/Reprodução
O jovem corrigiu-a de imediato:
- Eu não vou fazer partos. Serei psiquiatra. E, agora, vou lhe prescrever um remédio.
- O senhor tem mesmo um remédio para mim? Os médicos já me desenganaram, meu tumor cresceu demais...
Dizem que o comportamento da freira o deixou intrigado.
No dia seguinte, tirou a barba, que o deixava parecido com Freud, decidiu que seria obstetra e foi contar para a Irmã Madalena, a paciente da Enfermaria, que lhe disse:
- O senhor tem mãos tanto para dar adeus quanto para dizer olá. Tenha muito carinho com o primeiro parto que fizer, porque serei eu que estarei voltando.
Anos após o doutor Berenstein concluíra a faculdade bem como a especialidade e se preparava para o primeiro parto. Ele já sabia que a Irmã havia morrido há tempos.
Pois o primeiro bebê que lhe veio ao mundo era uma menina. E mais! Para sua surpresa, a mãe lhe disse que o nome seria Madalena.
Ele pôs-se em prantos.
Berenstein cumpriu a promessa e foi um obstetra até o final da vida, ou, “um porteiro do mundo”, como o definiu a freira.