Causou surpresa o anúncio feito pela Santa Casa de Fernandópolis na segunda-feira (28), informando a conquista de duas emendas parlamentares que somam R$ 6,8 milhões. O espanto não se deu pelo ato em si — afinal, é comum deputados destinarem verbas a instituições de saúde —, mas sim pela quantia expressiva e pelo nome do autor: o deputado federal Ribamar Silva (PSD-SP), pouquíssimo conhecido no circuito local e regional.

Pois tentemos elucidar um pouco mais essa honrosa ação que supostamente envolveu os políticos Daniel Tridico Arroio (PSD), atual presidente da Câmara de Vereadores, Ana Bim (PSD), ex-prefeita e Bruno Moura (PL), edil de Rio Preto e o provedor Marcus Chaer, é óbvio.

O valor

A robusta quantia foi destinada sob a rubrica de “custeio de melhorias e apoio às despesas operacionais”. Ainda que o recurso não esteja disponível de imediato — há trâmites legais a cumprir —, tudo indica que se trata da maior liberação individual já feita à Santa Casa em um único ato, conforme indicam fontes próximas, embora o provedor não tenha confirmado oficialmente.

Quem é Ribamar Silva?

Deputado federal pelo PSD de São Paulo, Ribamar Silva tem sua base política em Osasco, na Grande São Paulo, e integra a Comissão de Saúde da Câmara dos Deputados. Foi eleito – na condição de suplente - com 65.219 votos, sendo 27.220 deles em Osasco e 13.203 na capital paulista. Em Fernandópolis recebeu apenas dois votos nas últimas eleições. Ele assumiu em janeiro de 2025 em substituição ao titular Ricardo Silva (PSD), eleito prefeito de Ribeirão Preto.

Antes do Congresso, foi vereador e presidente da Câmara em Osasco por dois mandatos. 

O que está por trás?

A grande pergunta remanescente é: por que Ribamar destinou tamanha verba a uma cidade onde teve desempenho eleitoral quase nulo?

Há várias hipóteses. Pode ter sido um gesto de generosidade genuína ao escolher uma instituição de saúde regional de destaque. Também é possível que o envio da emenda tenha sido articulado por lideranças locais com respaldo do secretário estadual da Saúde, Eleuses Paiva, e do presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab. Todos co-partidários.

Outra leitura plausível é a de um movimento estratégico com vistas às eleições de 2026, na tentativa de ampliar sua presença no interior paulista.

E ainda há quem diga que o responsável direto pela conquista dos recursos foi o vereador rio-pretense Bruno Moura, que teria iniciado uma articulação mais ampla com Ribamar. A parceria entre os dois pode ser um prenúncio de uma futura dobradinha eleitoral: Ribamar federal, Moura estadual.

Seja qual for a explicação (inclusive a junção das hipóteses supra), a população de Fernandópolis e região certamente será beneficiada — e, no mundo da política, poucos gestos são gratuitos.

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