Por Lívia Caldeira

A universidade representa para qualquer pessoa um período de muito esforço e dedicação. Agora, para as mulheres que se aventuram a conciliar a rotina de estudos e a maternidade, além de tarefas domésticas, estágio e trabalho, esta fase exige ainda mais empenho e força de vontade para que o sonho de ter uma profissão evolua junto com o crescimento dos filhos.

A necessidade de tentar conciliar a agenda de estudos, provas e trabalhos com os cuidados com o filho é apenas um dos itens que faz com que muitas mamães percam o sono. Nessas horas, contar com o apoio da família, amigos e até dos professores é fundamental para que o equilíbrio entre estes diferentes papéis possa ser alcançado e a graduação concluída com êxito.

Em comemoração ao Dia das Mães, que será celebrado amanhã, dia 14, a Reportagem de “O Extra.net” conversou com três mães que passam por esta experiência para conhecer suas dificuldades e conquistas.

Kamila Sillva faz enfermagem e é mãe do Pedro, de 1 ano, da Maria Eduarda, de 8 anos e do adolescente Paulo (á direita), de 12 anos

Bia Rodrigues é estudante do curso de jornalismo e mãe da pequena Júlia 

Juciara de Paula Garcia é estudante de radiologia e mãe da Emanuelly, de 5 anos 

O EXTRA: Quais as maiores dificuldades em ser mãe e estudante?

KAMILA: A maior dificuldade que tenho é em relação a ter com quem deixar as crianças. Outro aspecto, é que tenho 3 filhos em idades diferentes e me sinto na obrigação de estudar não só as matérias da faculdade, mas também de estudar para saber lidar com eles, educar da melhor maneira possível e entender a fase diferente que cada um está passando. Procuro estudar e fazer trabalhos de madrugada, pois quero estar presente na vida deles, mesmo tendo pouco tempo.

BIA: Tive minha filha no segundo ano da faculdade, até então minhas prioridades eram outras, com a chegada dela tudo mudou. Ficar longe dela é muito difícil e a vontade de estarmos juntas é recíproca, portanto, o mais complicado de tudo é ter que deixá-la em casa no período da noite quando vou para faculdade. Já são dois anos, e ela sempre chora, não entende porque tenho que ir.

JUCIARA: Acredito que a maior dificuldade seja tentar achar e encaixar um tempinho para ficar com a minha filha. Trabalho o dia todo e estudo de noite, fora as tarefas domésticas. Conseguir conciliar tudo não é fácil. Só consigo vê-la de manhã quando a levo pra escola.

O EXTRA: Você conta com a ajuda de outras pessoas para cuidar do seu filho?

KAMILA: No meu caso, posso contar com a ajuda de minha mãe, que é meu maior suporte, ela sempre fica com eles para que possa ir à faculdade. Além disso, ela também ajuda na educação deles, como uma segunda mãe de fato. É muito importante esse suporte que ela me dá.

BIA: Meus familiares moram longe, mas a “segunda mãe” da Julia é o pai Rodrigo Colombo, desde que ela nasceu, ele sempre esteve presente, na troca de fraudas, banhos, mamadeiras, hoje ele faz o almoço, leva à creche. É um grande parceiro, amigo, graças a ele pude continuar os estudos e o trabalhando.

JUCIARA: Sim, ela fica meio período na escola e passa o resto do dia e a noite com a madrinha.

O EXTRA: Você costuma levar a criança com você para a faculdade? Qual a reação dos professores e colegas de sala?

KAMILA: Já levei várias vezes eles comigo. Eles até já participaram de algumas aulas e interagiram. Eles gostam de me acompanhar, é um momento a mais para estarmos juntos. A partir do momento que você escolhe ser mãe e gerar uma vida, você deve estar consciente dos desafios que a maternidade nos traz. Escolher ser mãe e estudante então, não é nada fácil, mas os momentos bons que tenho com meus filhos e o aprendizado que estou adquirindo no curso fazem tudo valer a pena.

BIA: Os meus amigos da faculdade são todos tios e tias da minha filha. Eles chegaram a fazer uma vaquinha e pagar o teste para confirmar a gravidez, foram os primeiros a saberem também. Eles acompanharam tudo que passei, foram cúmplices por diversas vezes, logo que a Julia nasceu, tive que levá-la à faculdade, aquele barulho da sala de aula para ela, sempre foi familiar, ouviu os 9 meses na minha barriga, então era calma, ficava no colo das professoras, professores, meus amigos de faculdade revessavam nos cuidados com a Julia, é emocionante e lindo de lembrar. E isso acontece até hoje!

JUCIARA: Sim, ela às vezes precisa ir comigo. Meus professores e colegas são sempre muito carinhosos com ela. 

O EXTRA: Você acha que esse tempo que você passa longe do seu filho, pode acabar prejudicando a criança?

KAMILA: Sim... Me lembro que uma vez meu filho me falou: “nossa mãe, a senhora é velha pra ir para a faculdade, por que não fica em casa com a gente?” Eu então respondi que estou estudando pra eles, para que possamos ter uma estrutura melhor, para o futuro deles. Quero que eles sintam orgulho de todo o esforço que estou fazendo.

BIA: Quando estou trabalhando, estudando, correndo ou cuidando de casa, sinto que ela acaba se afastando de mim, mas isso é natural. É obvio que nós mães sentimos muito mais a falta deles do que ele de nós, acredito que a criança não seja tão afetada quantos os próprios pais.

JUCIARA: Sim, é muito ruim, tanto pra ela quanto pra mim, esse pouco tempo que temos para estarmos juntas. É muito difícil não poder acompanhar o tempo todo o seu crescimento e desenvolvimento.

O EXTRA: Vale a pena todo o esforço?

KAMILA: Quando você faz algo que ama, todo esforço é válido. E eu amo ser mãe e estudar. Eles sabem que a mãe vai ser uma profissional capacitada para ajudar o próximo como enfermeira e dar a eles tudo o que precisam. Acho que o esforço deve existir para que a recompensa seja merecida. Nós vamos colher os frutos futuramente e espero que a minha dedicação sirva de exemplo para eles.

BIA: Por vários motivos a resposta é sim, quero que ela veja que mulher é assim, versátil, guerreira e poderosa. Já colho os frutos disso, são quase dois anos indo para a faculdade e vejo o amor que ela tem pela creche que frequenta, se desenvolve muito bem. Em breve teremos muito tempo para estarmos grudadinhas.

JUCIARA: Com certeza! Não tenho nenhuma dúvida de que todo esse esforço que estamos fazendo vai valer muito a pena.

O EXTRA: O que você espera para o seu futuro e o futuro do seu filho?

KAMILA: Espero me tornar uma grande profissional, competente, dedicada, humilde e responsável, fazendo com que eu seja respeitada pelo meu trabalho. Já para meus filhos, quero batalhar para dar a eles uma vida digna. Espero que eles consigam alcançar todos os seus objetos, que se espelhem em mim e nunca desistam dos seus sonhos, assim como eu faço. Posso dizer hoje que sou mãe, estudante, trabalhadora, dona de casa e feliz.

BIA: Espero continuar em busca de conhecimento, para sempre estar apta ao mercado de trabalho. Para ela desejo do fundo do meu coração que ela continue sendo uma menina boa, que faça o bem, seja uma menina incentivadora, feliz, que tenhas muitos e muitos sonhos, porque eu e meu marido estaremos lá para dizer: VAI E ARRASA FILHA!                    

JUCIARA: Espero que eu possa dar um futuro melhor para ela, é isso que vai fazer com que lá na frente eu possa dizer, sem dúvidas, que todo o esforço, empenho e dedicação valeu mesmo a pena.