Manoel trabalha como carrinheiro há 20 anos na mesma esquina
Breno Guarnieri
“Depende da sua consciência, é como dizem, nada como colocar a cabeça no travesseiro em paz com a certeza de que o melhor de mim nunca dependeu do pior de ninguém”. É com essa frase que Manoel Ribeiro, de 72 anos, resume a situação, atualmente, vivida no país.
Trabalhando há 20 anos como carrinheiro (frete), sempre no mesmo cruzamento - Rua Minas Gerais com a Avenida Vergnaud Mendes Caetano, no Bairro Coester, zona leste de Fernandópolis -, Manoel se diz muito satisfeito com o trabalho que realiza, apesar das dificuldades encontradas ao longo dos anos.
“Éramos em 11 carrinheiros. Alguns foram desistindo, adoecendo ou morrendo. O trabalho ao longo destes 20 anos foi muito modificado. Hoje em dia, por exemplo, as empresas de materiais para construção entregam nas residências o material que foi pedido pelo cliente. Foi ficando escasso o nosso trabalho. Atualmente, só estamos em dois (carrinheiros) no ponto”, destaca.
Questionado pela Reportagem de “O Extra.net” a respeito do movimento que surgiu na internet: “Mãos Sujas, Dinheiro Limpo”, o espírito dos que ganham dinheiro suado e honestamente circula pelas redes sociais em forma de hashtag, Manoel é enfático: “todos sabem que os políticos têm descaso com a gente. Isso não é novidade. Fazemos de tudo para pagarmos nossos impostos de forma honesta, diferente deles, que fazem de tudo para serem desonestos. Infelizmente é a vida”.
Apesar de todo cenário político caótico que o Brasil vive, Manoel não pensa em desistir do seu trabalho. “Eu gosto do que eu faço. Fico distraído. Pretendo trabalhar até o corpo aguentar. Porque ficar em casa vendo essa roubalheira pela TV, não dá”, finaliza.