Onésimo Pimenta Neves trabalha há 32 anos com alinhamento e balanceamento de carro

Livia Caldeira

Não ter patrão e ainda ser o dono do próprio negócio. Esse é o sonho de muitos trabalhadores brasileiros. Quem nunca pensou nessa possibilidade, não é mesmo? Ainda mais agora, que o país vem sofrendo as consequências de mais uma crise financeira. Foi exatamente isso que aconteceu com Onésimo Pimenta Neves, 54 anos. Após anos trabalhando em uma oficina mecânica como empregado, surgiu a oportunidade de empreender. “Eu trabalhei por muito tempo como funcionário de outras pessoas, mas depois comprei minhas próprias ferramentas e montei minha oficina. Hoje estou no mercado há anos e foi o melhor investimento que fiz”, declara.

Pimenta trabalha há 32 anos com alinhamento e balanceamento de carro e afirma que, para ele, a flexibilidade de horários e disponibilidade de tempo para a família foram os principais benefícios que abrir o próprio negócio lhe trouxeram. Mas, embora ele seja o proprietário da oficina, garante que nada mudou em relação ao seu trabalho. “Sou eu que faço todo o serviço e pego no pesado, assim como fazia quando iniciei”, explica.

AMOR À PROFISSÃO

Ele contou à Reportagem que sempre teve vocação para trabalhar na área e que desde criança tinha o sonho de ser mecânico. “Eu sempre gostei dessa parte de mecânica. Ainda muito jovem, com 14 anos, já quis entrar na guardinha pra exercer a profissão. Após alguns anos, apareceu finalmente a oportunidade de eu aprender o ofício e estou aqui até hoje”, relata.

Pimenta explica que, apesar de se tratar de uma atividade que se aprende com a prática e os anos de experiência, ele precisou fazer vários cursos e obter um diploma para poder exercer a profissão. “Eu sou praticamente um ‘médico’ dos carros”, brinca.

IMPORTÂNCIA DOS ESTUDOS

Para ele, estudar e se atualizar é fundamental em qualquer profissão, inclusive na de mecânico. “É sempre bom estudar. Eu, por exemplo, mesmo com 32 anos de profissão tenho a certeza de não saber tudo e a consciência de que muito posso ter a aprender ainda. O que mais vemos hoje em dia são pessoas que estão há pouco tempo no mercado e já se consideram um bom profissional”. Ele acredita que o bom profissional é aquele que está sempre em busca de conhecimentos para melhorar o próprio trabalho.

DESABAFO

Assim como milhares de brasileiros, Pimenta diz se sentir revoltado em relação ao atual cenário político brasileiro. “A sensação que tenho é de impotência diante de tudo que está acontecendo. É muito triste trabalhar tanto todos os dias, conseguir o dinheiro suado no final do mês e saber que parte dele vai parar na mão de políticos corruptos que literalmente nos roubam”, desabafa.

 Mas apesar do sentimento de revolta, comum a tantos trabalhadores do país, ele se diz orgulhoso em fazer parte do time dos honestos. “Sempre sustentei minha casa com o dinheiro que ganho aqui na oficina, nunca precisei pedir nada a ninguém e nem depender de favores das pessoas. Consegui pagar os estudos de minha filha, que hoje é formada e tem pós-graduação e sei que o importante é conquistar tudo com esforço e honestidade”, finaliza.