62ª FASE
PF confirma apreensão de lancha; preventiva contra Walter Faria e temporária contra Cleber Faria
PF confirma apreensão de lancha; preventiva contra Walter Faria e temporária contra Cleber Faria
A fase mira o pagamento de propinas disfarçadas de doações eleitorais e operações de lavagem de dinheiro feitas pelo Grupo Petrópolis.
A fase mira o pagamento de propinas disfarçadas de doações eleitorais e operações de lavagem de dinheiro feitas pelo Grupo Petrópolis.
Uma embarcação foi apreendida durante a ação policial
Da Redação
A Polícia Federal, por meio da Delegacia de Polícia Federal de Jales, confirmou que cumpriu na manhã de quarta-feira, 31, quatro mandados de busca e apreensão em Fernandópolis e em Santa Fé do Sul. A ação policial fez parte da 62ª fase da Operação Lava Jato.
Em Fernandópolis, os agentes federais estiveram em uma distribuidora de bebidas vinculadas ao Grupo Petrópolis, em uma casa que seria de propriedade da ex-mulher de Walter Faria e em outra residência de luxo, situada em um condomínio fechado e que, supostamente, pertence ao sobrinho de Walter, Cleber Faria.
Em Santa Fé do Sul, a operação concentrou-se em uma propriedade particular situada às margens do Rio Paraná denominada “Vale do Sol”, informada pela PF como pertencente ao empresário Cleber Faria. Lá foi apreendida uma embarcação que estava ancorada no bairro Águas Claras.
FORAGIDOS DA JUSTIÇA?
A Polícia Federal confirmou também que contra Walter Faria há um mandado de prisão preventiva, sem prazo de duração, e que contra Cleber há um mandado de prisão temporária (5 dias de prisão, podendo ser renovado ou transformado em preventiva).
Até o fechamento desta edição, ambos não foram localizados pelos federais, mas ainda não são considerados foragidos. Cleber está no exterior e tem volta programada para os próximos dias.
INVESTIGAÇÃO
A 62ª fase da Operação Lava Jato mira o pagamento de propinas disfarçadas de doações eleitorais e operações de lavagem de dinheiro feitas pelo Grupo Petrópolis, da marca de cerveja Itaipava.
De acordo com a PF, foram expedidos um mandado de prisão preventiva, cinco mandados de prisão temporária e 33 mandados de busca e apreensão foram cumpridos em vários estados do Brasil. O Ministério Público Federal (MPF) informou nesta quarta-feira, que as investigações apontam que Walter Faria e outros executivos do Grupo Petrópolis atuaram na lavagem de cerca de R$ 329 milhões em contas fora do Brasil.
Estas doações resultaram em uma dívida de R$ 120 milhões da Odebrecht com a cervejaria. Em contrapartida, a Odebrecht investia em negócios do grupo.
Os investigadores apontam ainda que Faria usou o programa de repatriação de recursos de 2017 para trazer ao Brasil, de forma ilegal, R$ 1,4 bilhão que foram obtidos por meio do esquema.
Cooperação ilícita com a Odebrecht
O Setor de Operações Estruturadas, criado pela Odebrecht para o repasse de propinas para agentes públicos e políticos, sobretudo no esquema criminoso que vitimou a Petrobras, costumava utilizar três camadas de contas no exterior em nome de diferentes offshores. Como identificado na investigação do caso de hoje, havia ainda, em determinadas situações, a utilização de complexa estrutura financeira de contas no exterior relacionadas às atividades do grupo Petrópolis.
Em conta mantida no Antigua Overseas Bank, em Antigua e Barbuda, no nome da offshore Legacy International Inc., Faria recebeu US$ 88.420.065,00 da Odebrecht de março de 2007 a outubro de 2009 . Já entre agosto de 2011 e outubro de 2014, duas contas mantidas pelo executivo no EFG Bank na Suíça, em nome das offshores Sur trade Corporation S/A, e Somert S/A Montevideo, receberam da Odebrecht, respectivamente, US$ 433.527,00, e US$ 18.094.153,00.
Além de transferir, sem causa econômica aparente, valores no exterior para contas controladas pelo grupo Petropolis, a Odebrecht, para creditar montantes que seriam depois disponibilizados para pagamentos ilícitos, realizou operações subfaturadas com o grupo cervejeiro, como a ampliação de fábricas, a compra e venda de ações da empresa Electra Power Geração de Energia S/A, aportes de recursos para investimento em pedreira e contratos de compra, venda e aluguel de equipamentos.
Paralelamente, constatou-se que o grupo Petrópolis disponibilizou pelo menos R$ 208 milhões em espécie à Odebrecht no Brasil, de junho de 2007 a fevereiro de 2011. Além disso, o grupo comandado por Faria, por meio das empresas Praiamar e Leyroz Caxias, foi utilizado pela Odebrecht para realizar, entre 2008 e 2014, pagamentos de propina travestida de doações eleitorais, no montante de R$ 121.581.164,36.
De acordo com o procurador da República Alexandre Jabur, “mesmo comparando com outros casos da Lava Jato, chama a atenção a expressiva quantidade de recursos lavados por Walter Faria e por executivos do grupo Petrópolis. Além disso, o fato de ainda manter recursos no exterior sem origem lícita comprovada e realizar a regularização cambial de mais de R$ 1 bilhão denota a permanência na prática do crime de lavagem de dinheiro e autoriza, conforme reconhecido em decisão judicial, a decretação da prisão preventiva do investigado”.
Em Santa Fé do Sul, a operação concentrou-se em uma propriedade particular situada às margens do Rio Paraná