ENTREVISTA

Provedor da Santa Casa Fernandópolis fala como o hospital se preparou para a pandemia

Provedor da Santa Casa Fernandópolis fala como o hospital se preparou para a pandemia

Confira a segunda parte da entrevista que o Extra.net realizou com Marcos Chaer

Confira a segunda parte da entrevista que o Extra.net realizou com Marcos Chaer

Publicada há 4 anos

Marcos Chaer assumiu a provedoria em dezembro de 2019


Gustavo Jesus

O Extra.net entrevistou nesta semana o interventor judicial da Santa Casa Fernandópolis, Marcos Chaer. Em outubro o economista completou 10 meses no comando da instituição – ele assumiu em 13 de dezembro de 2019 e foi indicado interventor em 18 de fevereiro deste ano -, sendo que sete destes no período mais crítico da saúde mundial em muito tempo: a pandemia do coronavírus.

Na entrevista Chaer fala um pouco sobre os desafios da gestão, a luta para montar a unidade de Covid-19 e como ainda há muitos desafios na gestão financeira da entidade. “Quando pegamos o déficit era de R$ 1,5 milhão por mês, e antes da pandemia equilibramos para cerca de R$ 300 mil/mês”.

CONFIRA HOJE A SEGUNDA PARTE DA ENTREVISTA

Humanização

A gente está conseguindo bater nesta tecla e está investindo muito essa é a verdade, na questão de humanização. Desde o colaborador e as cartinhas de elogio da Ouvidoria até a valorização do paciente. Temos uma colaboradora da hotelaria que ela é específica para fazer uma ouvidoria ativa. Ela vai no teu quarto, quer saber se você está bem atendido. Para a gente a parte da ouvidoria é extremamente necessária. Se não escutar o que o cara falou, a gente não sabe o que é. Esse mês agora de setembro a gente fechou ouvidoria pela primeira vez com o triplo de elogios. Muito médico recebendo carta de elogio, que antes era raro as pessoas fazerem. As pessoas tinham e tem ainda uma visão de que médicos eram difíceis, até a própria Santa Casa. Hoje, devagarzinho, a gente começa a mudar. Se você está com problema tem psicólogo para o colaborador. Vai lá e fala: não estou bem e não vou trabalhar hoje, depois a gente vê o que faz, mas nunca desconta na pessoa porque ninguém vem aqui porque quer.

Quadro de médicos

Os contratos dos médicos que saíram não impactaram muito nas contas porque a gente tem que colocar um médico no lugar dele. Nós tivemos que substituir por médicos novos e os valores se mantiveram. A questão é que o atendimento mudou muito. Muitos, no geral, não cumpriam metas e indicadores. Nós pagávamos em alguns setores pior que em Jales e Votuporanga, então tivemos que adequar porque teve momentos que havia até dificuldade de fechar plantão, pois o médico preferia ir para outro lugar. Isso fez com que atraíssemos mais médicos de qualidade, então vimos isso como investimento, pois trouxe retorno de atendimento de convênio particular.

Nós temos que agradecer nossos residentes em como ajudaram na unidade de Covid. Durante o dia na residência e de noite no plantão. Chegou um momento que ninguém mais queria pegar porque o cara estava estourado e o pessoal de fora recebendo R$ 1,7 mil no plantão, na Unimed o dobro. A gente subiu um pouco valor conseguiu atrair mais gente e se não fosse isso também não achava médico.

Preparativos antecipados para a pandemia

Eu gosto de ficar aqui, de trabalhar aqui, senão não estaria aqui. A situação da Santa Casa não era feliz. Quando eu entrei expliquei para todo mundo ‘uma empresa dessa do jeito que está quebrada, 2, 3, 5 anos pra gente melhorar. Ficar bem talvez um ano um ano e meio’. Parte financeira difícil tudo muito pior do que a gente viu de número. Negociamos 95% dos contratos. Aqui estava parado uns 60 anos. Começamos a implementar o prontuário eletrônico, só que ele demora quase um ano para implementar, enfim esse barco que tá difícil levantar, mas uma hora vai pegar e aí começou a vir a pandemia. Peguei o diretor técnico Fernando Bertuci falei: “doutor é assim eu sou meio neurótico, eu conheço chinês, já fui para lá algumas vezes, se eles estão fazendo lockdown, o negócio é sério. Eu sentei e conversei com doutor Maurício infectologista e conversei com a Letícia que a enfermeira do CCH sobre como montar um plano de contingência. Na época a gente de contatou a DRS e ela disse para não se preocupar. Montamos o plano e no primeiro sinal de coronavírus que chegou foram três semanas sem dormir, pior de quando eu entrei, porque atacou de um jeito que foi difícil para levantar tudo de uma vez.

A equipe daqui foi selecionada literalmente a dedo, com muita qualidade e teve muito treinamento. A gente pegou o pessoal que melhor entubava e colocou lá. Teve pessoal que ficou aqui 15 dias trabalhando. Tem a opção de ir para casa, mas é isso do cara com a família dele a gente sugere que ele fica aqui. O investimento em treinamento e a vontade do pessoal foram determinantes para a baixa letalidade da doença no hospital.

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