FERNANDÓPOLIS

O ano em que as páginas da história da cidade ganharam novos capítulos

O ano em que as páginas da história da cidade ganharam novos capítulos

Publicada há 7 anos

Por Jorge Pontes


“Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na história”. A célebre frase é um trecho retirado da carta-testamento do ex-presidente da República Getúlio Vargas, endereçada ao povo brasileiro. Numa breve analogia, pode-se considerar 2016 um ano histórico. Triste? Talvez, porém, muitos valorosos fernandopolenses descansaram neste ano, enriquecendo as páginas de nossa história pelos feitos.


 Atípico, 2016 ficará marcado pelo número de perdas significativas para Fernandópolis, tanto de filhos da “Terra Moça” quanto de demais personalidades que deixaram sua terra natal para arraigar-se por aqui.


 Ao todo, 489 pessoas foram sepultadas na cidade, com certeza, a maioria ratifica a primorosa e inesquecível frase do “Pai dos Pobres”. Se Vargas, metaforicamente, saiu da vida para entrar na história, onde há tempos já se encontrara, guardadas as devidas proporções, alguns fernandopolenses já haviam cravado seus nomes na história antes mesmo de partirem.


 “O Extra.net” listou algumas das perdas significativas que Fernandópolis sofrera em 2016, especificamente, àquelas que acabaram se tornando manchetes em nosso portal de notícias e em nosso periódico diário impresso. Confira:

NENÊ ROLIM

Filho do saudoso prefeito Edison Rolim, de quem levava o nome, “Nenê Rolim”, 60, faleceu no dia 25 de março, três dias após prestigiar a homenagem feita pelo vereador André Pessuto, que incorporou o nome de seu pai à sede do Poder Legislativo. Zootecnista na área de pecuária e cereais, Nenê atuou ao lado do pai e nos últimos anos era encarregado do setor de máquinas e equipamentos da Encalso Engenharia.  Ele faleceu vítima de um câncer de pele.

 


NOEMIA OGATA SANO 

Outra personalidade símbolo de solidariedade, Noemia Ogata Sano, também não media esforços para ajudar os mais carentes. Chefe da Cozinha Piloto, a esposa do médico Paulo Sano foi uma das fundadoras do Lions Clube Fernandópolis, também da VOLFER (Associação de Voluntários da Santa Casa de Fernandópolis) e do antigo Lar Melvin Jones, à época em que fora uma instituição que abrigava meninas em situação de risco, além de voluntária no Projeto “Os Sonhadores”. Ela faleceu vítima de um câncer, no dia 11 de abril, aos 84 anos. No último dia 10, a família Sano sofreu outra perda, o médico ortopedista Leonardo Sano, 68, faleceu em decorrência de uma doença pulmonar.    


AGUINALDO PAVARINI 

Como representante regional, e também pela forte relação com Fernandópolis, destacamos o advogado Aguinaldo Pavarini, de Estrela d’Oeste, que falecera no dia 12 de abril, vítima de um câncer. Pavarini foi o primeiro prefeito de Turmalina (1965/1968), oficial do Cartório de Notas daquela cidade, vereador em Fernandópolis, fundador e presidente da Subseção da OAB de Estrela d'Oeste, presidente (venerável mestre) da Loja Maçônica Benjamin Reis de Fernandópolis, delegado do grão mestre da Grande Loja Maçônica do Estado de São Paulo e diretor da Unicastelo à época em que foi criado curso de Direito.  

"A riqueza de cultura que nos é repassada nas páginas de momento de reflexão, é coisa divinal; aprende-se de tudo e acima de tudo o que é o amor". 

Pavarini, Aguinaldo.


JOÃO INÁCIO DE MIRANDA

Popular em Fernandópolis, com seu jeitão “bruto, rústico e sistemático”, João Inácio de Miranda, 92, faleceu no dia 27 de abril. Já debilitado pelo Mal de Alzheimer, o ex-açougueiro, um dos pioneiros das feiras livres em Fernandópolis, era um símbolo de honestidade, trabalho e sinceridade, acima de tudo. “Maria valei-me”, “de fato” e “vamos com Deus adiante” eram algumas das frases mais ditas por ele, que possuía uma fé inabalável.


AKIO SHINYA 

Ex-bancário, Akio Shinya, 61, faleceu no dia 2 de maio, vítima de um câncer, consternando o setor na cidade e região. Conhecido pelo fruto do próprio trabalho, Akio atuou nos bancos Banespa e Santander, além de ter auxiliado o ex-prefeito Rui Okuma e posteriormente o vice Paulinho Birolli.

CASSILDA CASSIANO 


Também no mês em que se comemora o aniversário de Fernandópolis (22), a cidade perdeu em maio Cassilda Cassiano, 74, uma das “boleras” mais famosas da cidade. Conhecida pela qualidade de seu trabalho como confeiteira, a aposentada sofria com uma diabetes.


GUERINO

De forma inaceitável, outra perda significativa foi a morte de Guerino Solfa Neto, 43, delegado do Deinter e membro da inteligência da Policia Civil, que foi executado no dia 26 de junho, às margens da rodovia Washington Luis em São José do Rio Preto. Guerino também atuava como delegado substituto nas Delegacias de Pedranópolis e Fernandópolis  Apaixonado pela profissão, Guerino era conhecido na região pelo combate ao tráfico de entorpecentes e outras ações que levaram vários bandidos para cadeia. Policial civil desde 1991 e delegado há 20 anos, era considerado um dos mais preparados do Estado de São Paulo no setor de Inteligência.

 

DIRCE APARECIDA BALDINI

Autora da primeira Cartilha de Alfabetização Escrita de Fernandópolis, cujo nome é “Ricardo, Ritinha, Martinha e seus amiguinhos”, Dirce Aparecida Baldini, 83, também foi um ícone da Educação em Fernandópolis. Vítima de um infarto, ela deixou um legado de esforço e pioneirismo. Funcionária da Secretaria Estadual da Educação foi designada para ser a primeira coordenadora pedagógica de Fernandópolis, na Escola Coronel, quando a função foi criada. Foi ainda diretora da FEF, tendo participado de várias campanhas beneméritas. Seu passamento se deu no dia 2 de agosto.


NICE CARMELENGO

Uma infecção renal levou de Fernandópolis Dona Nice Carmelengo, no dia 6 de setembro. Se Fernandópolis hoje é conhecida como “A capital da Solidariedade”, muito se deve a ela. Com um coração que não cabia no peito, mesmo com diversos problemas de saúde decorrentes da obesidade, Nice, uma das “merendeiras” mais conhecidas da cidade se desdobrava quando o assunto era ajudar os mais necessitados.  Com apenas um telefone em mãos, em instantes ela conseguia doações diversas para ajudar os que mais precisavam. Líder comunitária no Jardim Ipanema, Nice se tornou uma referência, já que diversas doações eram entregues em sua casa para que fosse feita a distribuição. No caso dos brinquedos quebrados, ela mesma os consertava antes de presentear alguma criança.  Ainda nos finais de semana, ela trabalhava como voluntária na Casa da Sopa. O Natal este ano com certeza foi será mais triste para muitas crianças.


CÉLIA MAFRA

Impossível também não citar um símbolo eterno da luta em defesa dos direitos das pessoas com deficiência, especialmente para os deficientes visuais, Célia Fontes Mafra, 50, que falecera vítima de um infarto fulminante no dia 18 de setembro. Incansável batalhadora, Célia causou uma grande consternação, o que comprovara o quão significativa foi a perda para a cidade. Fundadora da ADVF (Associação dos Deficientes Visuais de Fernandópolis), que hoje conta com 49 assistidos diretos e 60 indiretos, ela também atuou como conselheira tutelar por duas gestões, sendo presidente do Conselho, além de ter presidido o Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência. Dentre suas conquistas, Célia foi a idealizadora do projeto da Lei dos Cardápios em Braille, bem como do Braille nos elevadores e da “Multa Moral” - um projeto de conscientização, no qual as vagas reservadas para pessoas com deficiência não devem ser utilizadas por pessoas sem autorização.

 

HIROMITSU ARAKAKI

Logo no início de outubro Fernandópolis também perdeu Hiromitsu Arakaki, 78, um dos sete filhos do casal Koei Arakaki e Nahi Shimabukuro. No dia 4 de outubro ele faleceu vítima de um infarto. No dia seguinte, por coincidência, completou-se 38 anos da morte de seu pai Koei. Hiromitsu, apesar de bastante discreto, realizava ações sociais sem alarde algum, como deveria ser feito em todos os casos. Jogador assíduo de loteria, ganhou por várias vezes, mas quando o prêmio foi “gordo” ajudou muitas pessoas. No ano novo fazia sempre questão de comprar doces para a garotada. Ele foi bancário e gerente da antiga Fagril.


FERNANDO DA PADARIA POPULAR

Tão popular quanto sua padaria, Fernando Dias Martins, 70, é outro fernandopolense que deixou um legado de muito trabalho e dedicação ao ofício. Popularmente conhecido como “Fernando da Padaria Popular”, o comerciante e pecuarista faleceu o dia 20 de novembro, vítima de um câncer, que descobrira há pouco mais de um ano. Português, ele chegou ao Brasil em 1961. Na última segunda-feira, 19, completaria 71 anos.


CLAUDIO PM

Assim como Guerino, de forma inaceitável, Fernandópolis perdeu um de seus melhores policiais militares no dia 15 de novembro. Claudio Roberto Florindo da Silva, 40, se tornou um símbolo de bravura e acabou descansando de forma heroica, honrando a profissão que escolhera há 17 anos. Vítima de um disparo de arma de fogo, no fatídico dia 11 de novembro, quando criminosos trocaram tiros com a Polícia, após explodirem um caixa eletrônico, no interior do Shopping Center Fernandópolis, Cláudio chegou a receber alta médica dois dias depois de ser atingido no pescoço, mas não resistiu.

 

ÁUREA RAVELLI 

Neste mês, a primeira grande perda veio logo no segundo dia de dezembro. Ícone da luta por uma educação de qualidade, Áurea Lucy Ravelli Baioni, 84, faleceu vítima de dois cânceres, no intestino e no fígado. Ex-diretora “brava” da Dr.Sólon da Silva Varginha, do JAP, da Koei Arakaki e da Melvin Jones, Áurea sempre foi uma mulher além do seu tempo, com ideias futuristas e muito comprometimento com a arte de ensinar. Muito simples e reservada, todas suas atitudes e decisões abarcavam ordem, disciplina e envolvimento.    


JOÃO ALFREDO DE MENEZES 

Conforme relatado na semana passada por “O Extra.net”, em meio às perdas significativas de Fernandópolis, no último dia 15, a cidade perdeu o grande nome do cenário agronômico: João Alfredo de Menezes, de 93 anos. O engenheiro agrônomo, um dos primeiros produtores rurais da cidade, estava bem de saúde, no entanto sofreu uma parada cardiorrespiratória. Considerado como uma “celebridade do meio rural”, ele participou de praticamente todas as conquistas do setor agrícola da cidade. Foi um dos fundadores da antiga Casa da Lavoura, hoje Casa da Agricultura e CATI regional, também da Alcooeste Destilaria, fundador do Centro Social de Menores e do Posto de Sementes, coordenador do Banco do Brasil, presidente do FEC (Fernandópolis Esporte Clube), além de ser o pioneiro no plantio de seringueiras na cidade. Ele também fundou a primeira exposição de Fernandópolis, à época em que foi delegado agrícola.

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