OPINIÃO
Artigo: Qual o impacto do Tarifaço de Trump na economia de Fernandópolis?
Artigo: Qual o impacto do Tarifaço de Trump na economia de Fernandópolis?
Por: Jair Moraes - Economista mestre em economia industrial e consultor empresarial
Por: Jair Moraes - Economista mestre em economia industrial e consultor empresarial
Diante das ameaças de TRUMP em impor tarifas para todas às nossas comodities exportadas para os EUA, taxando-as em 50% ao entrarem nos portos americanos, essa atitude criou uma expectativa de grande preocupação em toda economia, notadamente, no estado de São Paulo que responde por um terço de toda exportação para os EUA.
Mas como ficam os impactos para a economia de Fernandópolis?
No entanto, primeiramente, vai depender se o “blefe” de Trump se tornará realidade a partir de 1 de agosto de 2025, pois ele tem uma psiquê treinada para obter a persuasão daqueles que ele ataca, seja com ameaças econômicas, políticas e geopolíticas (mundo afora).
Trump gosta de adotar a estratégia de comunicação em massa, tipo rota central & periférica para conseguir a persuasão dos seus alvos, é uma estratégia criada pelos psicólogos sociais americanos Petty e Cacioppo, eles são citados por Elliot Aronson no seu livro “O Animal Social” – pag.190).
Essa metodologia vem sendo utilizada por TRUMP, nesse seu 2° mandato à frente dos EUA, numa empreitada em ameaçar com penalidades, no caso, com as tarifas sobre as importações americanas das principais economias dos blocos econômicos do mundo todo.
Agora, chamadas de tarifaços, ele as adota na tentativa de recuperar um novo ciclo de reindustrialização da economia americana, como por exemplo, trazer de volta as empresas que no passado saíram dos EUA e foram para outros países como México, Índia, China, Brasil e outros, assim como forçar uma robusta atração de novos investimentos para a sua “ Make América Great Again”, inclusive de países desenvolvidos, visando manter o seu maior PIB do mundo, mesmo porque o PIB da China está prestes a alcançá-los.
Mas, voltamos novamente às análises desses impactos na economia de Fernandópolis.
Para melhor entender isso, é necessário conhecermos os setores que atualmente exportam, diretamente para o mercado americano. A tabela abaixo indica os movimentos das exportações de Fernandópolis, exclusivamente, para o mercado americano. Apesar de serem dados de 2024, quando comparados com o mesmo desempenho do primeiro semestre de 2025, os valores se equiparam, o que permite adotá-los para a presente análise.
Uma projeção desse desempenho com valores anuais, mostra que o evento toma proporção significante, pois estamos falando no valor em R$ 20.294.400,00 ao ano, montante que o torna atrativo para as receitas das empresas da nossa região.
O que poderá acontecer agora?
Se a capacidade de negociar do nosso time do ministério das relações exteriores (MRE), ou seja, da nossa diplomacia (Itamaraty) juntamente com o ministro Geraldo Alckmin, do desenvolvimento, Indústria, comércio e serviços, que coordena essa complicada negociação com as autoridades do EUA, falhar no seu intento negocial e o tarifaço prevalecer, o impacto na economia da nossa cidade, será uma perda de receitas pelas empresas exportadores, na ordem de R$ 20,3 milhões ao ano.
É uma perda expressiva e as empresas buscarão ajustes nos seus custos.
Por setor, temos que o da bioenergia perderá receitas na ordem de R$ 14,2 milhões por ano. Já o setor de frigoríficos terá uma perda de R$ 4,1 milhões de receitas no ano. Os demais setores ficariam com uma perda de R$ 2,0 milhões ao ano.
Ocorrendo isso, na prática corremos o risco dos seguintes impactos econômico e social: a perda de receitas pode levar as empresas a efetuarem cortes do pessoal, que trabalha diretamente na produção, visando alinhar as perdas de receitas com as reduções de custos, objetivando equilibrar seus resultados financeiros.
Análises dos custos da mão de obra dos setores de bioenergia, frigorífico e de outras atividades, mediante fatores como salário médio e níveis de produtividade setoriais, foi possível estimar um provável efeito no nível de emprego do pessoal, conforme indica a tabela abaixo:
Atualmente, a economia de Fernandópolis tem um efetivo de mão de obra, próximo de 17.500 empregados com carteira assinada.
A perda acima indica que no máximo 52 empregos seriam sacrificados, significa algo em torno de 0,30%, ou seja, menos de meio (0,5) porcento do efetivo total.
Observa-se que o efeito é praticamente mínimo, em termos do mercado de trabalho na cidade de Fernandópolis e do seu entorno.
No entanto, uma segunda onda de perda mais impactante, poderá ocorrer caso prevaleça o tarifaço de Trump: trata-se da redução das exportações a nível nacional ao mercado americano.
Tal evento impactará de maneira mais significativa, pois isso vai gerar menos dólares na balança comercial, o que poderá aumentar a expectativa de risco, nas decisões dos investidores do exterior com pretensões de investir aqui no Brasil, assim o preço do dólar irá aumentar.
Estima-se que a taxa cambial poderá aumentar dos atuais R$ 5,60 (13/07/25) para R$ 6,00. O aumento substancial da taxa de dólar provocará inflação de maneira generalizada, em toda economia nacional, e isso atinge diretamente o bolso de cada brasileiro. Esse é o mal maior para todos nós, fernandopolenses.
Conclusões
(1°) O tarifaço de TRUMP não irá afetar significativamente, a economia da região de Fernandópolis, no tocante ao desemprego, se ocorrer será o mínimo do mínimo, menos de 30 desempregados;
(2°) Já a questão do aumento do preço do dólar irá provocar inflação geral, isso irá nos atingir a todos.
Recomendação: Negociar, negociar, negociar!!!
Jair Moraes - Economista mestre em economia industrial; participa da Equipe CODEF Desenvolve Fernandópolis e consultor empresarial
O texto é de livre manifestação do signatário que apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados e não reflete, necessariamente, a opinião do 'O Extra.net'.