Por Breno Guarnieri
No Brasil muito se fala em heróis, mas pouco se conhece sobre verdadeiros heróis que nos representaram, e ainda representam, pelo mundo afora. Muitos desses heróis são atletas que lutam por patrocínios, melhores condições de treino e reconhecimento na área esportiva. Este cenário não é diferente para o baiano Arisson Viana, de 28 anos. Residente em Fernandópolis, o professor e atleta de boxe ministra aulas e ajuda a formar novos e talentosos campeões, afinal, experiência ele tem de sobra. Em entrevista à Reportagem de “O Extra.net”, Arisson faz questão de salientar que uma aula de boxe clássico não ensina apenas a “nobre arte dos socos”, mas também oferece condicionamento cardiorrespiratório, emagrece e descarrega a tensão.
O EXTRA: Quais as maiores dificuldades encontradas pelos treinadores de boxe no Brasil?
ARISSON: A falta de apoio dos nossos governantes que não se preocupam com as dificuldades dos nossos atletas, como: alimentação, suplementação, verbas para viagens, campeonatos, saúde e integridade física.
O EXTRA: Quais os principais tipos de alunos que buscam a aula de boxe?
ARISSON: Antes eram os jovens que queriam ser campeões ou melhorar suas condições financeiras. Muitos desses jovens eram rebeldes e agressivos. Hoje em dia a procura do boxe é de pessoas que querem a boa forma e elevar a autoestima, principalmente, as mulheres que enchem as academias de artes marciais.
O EXTRA: O MMA no Brasil também cresceu. Houve um investimento maior no boxe brasileiro?
ARISSON: Acho que não porque os atletas que se destacam no Brasil vão treinar em outros países devido à ótima estrutura oferecida, suporte, treinos atualizados, sem esquecer que, os atletas são valorizados nesses países.
O EXTRA: Você acha que existe uma preocupação da organização de boxe em retomar o espaço perdido para o MMA e incentivar novos atletas?
ARISSON: Alguns treinadores e poucos organizadores até acham que querem reviver e retomar o espaço perdido, mas a maioria, principalmente, aqueles que realmente dependem do crescimento do boxe, não fazem nada significativo sobre essa situação. Como, por exemplo, investir em grandes atletas que vêm crescendo na modalidade, criar projetos relacionados ao esporte, à saúde das comunidades carentes e às escolas públicas.
O EXTRA: Como você avalia o nível técnico dos atletas de Fernandópolis que correm os eventos nacionais?
ARISSON: Eu sou professor de boxe há 8 anos e já treinei vários lutadores. Posso afirmar que os atletas de Fernandópolis estão em um alto nível, mesmo com a falta de patrocínio e incentivo dos governantes. Para suprir a falta, alguns atletas e academias se reuniram em parceria, auxiliando um ao outro em suas dificuldades, assim melhorando muito o seu rendimento.
O EXTRA: Além de treinador, você também possui o lado atleta. Como é ter essas duas características e quem tem o boxe mais afiado no cenário nacional?
ARISSON: Ser treinador e atleta é muito complicado, porque se querem levar os dois será difícil chegar a um bom nível, deixando uma atividade ou até mesmo as duas a desejar. Hoje em dia, o atleta que acho que tem o boxe mais afiado é o Acelino “Popó” de Freitas por mais que seja um atleta mais velho que os atuais, ficou mais de cinco anos parado, voltou ao ringue e nas duas últimas lutas levou a vitória.
Arisson Viana, da academia Team Nocaute, é instrutor de boxe há 8 anos