MEIO AMBIENTE
Polícia Ambiental apura mortandade de peixes no Rio São José, em Meridiano
Polícia Ambiental apura mortandade de peixes no Rio São José, em Meridiano
Água turva, mau-cheiro e suspeita de contaminação por vinhaça mobilizam autoridades ambientais
Água turva, mau-cheiro e suspeita de contaminação por vinhaça mobilizam autoridades ambientais
Da Redação
Na manhã deste sábado (25), pescadores da cidade de Meridiano (SP) foram surpreendidos por um quadro grave de mortandade de peixes no rio São José dos Dourados. A água no trecho afetado apresentava coloração turva e odor intenso, o que levou à suspeita de contaminação por vinhaça — subproduto da produção de cana-de-açúcar.
O alerta foi formalmente confirmado pelo vereador Cleomar Faria Gonçalves (conhecido como “Pombinha”), que esteve no local. “São centenas de peixes mortos e muitos tentando respirar. A cena é desoladora”, relatou.
Investigação em curso
A denúncia foi encaminhada à Polícia Ambiental de Fernandópolis, que acionou equipes para registrar o fato e coletar amostras da água com o objetivo de análise. Paralelamente, a CETESB – Companhia Ambiental do Estado de São Paulo – já havia efetuado vistoria no rio em 8 de Outubro, em uma situação semelhante, embora naquele momento não tivesse constatado lançamentos de efluentes ou irregularidades.
Segundo pescadores locais, entretanto, a situação desta vez é muito mais ampla: peixes boiando mortos às margens, e muitos ainda vivos tentando respirar, o que indica possível oxigenação deficiente no trecho. Áreas rurais da região também relataram o forte odor decorrente da decomposição dos peixes.
Suspeita de vinhaça
A coloração, o cheiro e a dimensão do problema fizeram com que a hipótese de vazamento de vinhaça — subproduto líquido da produção de açúcar e álcool — ganhasse força. A suspeita recai sobre uma usina da região do grupo COFCO Internacional, embora até o momento não haja confirmação oficial de empresa responsável.
É importante destacar que a bacia do rio São José dos Dourados integra a UGRHI 18 do Estado de São Paulo e possui vulnerabilidades ambientais históricas: menos de 7% da vegetação original permanece, segundo levantamento da Wikipédia.
Impactos ambientais e sociais
A mortandade de peixes sinaliza risco ambiental grave, pois a fauna aquática sofre imediatamente com alterações químicas, físicas ou biológicas no meio-hídrico.
Para pescadores e moradores ribeirinhos, além do impacto direto na atividade pesqueira, há o risco à saúde humana, uma vez que água e peixes podem estar contaminados.
A longo prazo, tal evento pode comprometer a biodiversidade da bacia, usada ainda para abastecimento de comunidades, lazer e recreação.
Qual o próximo passo?
As amostras de água devem ser encaminhadas ao laboratório para mensuração de parâmetros como pH, oxigênio dissolvido, presença de compostos orgânicos (vinhaça) e metano.
A fiscalização ambiental precisa identificar o ponto de origem do lançamento (se for comprovado) e responsabilizar a empresa, se for o caso.
Comunidades locais devem receber orientações: evitar consumir peixes desse trecho até laudo conclusivo, e não realizar atividades de lazer no local afetado.
Caminhos de longo prazo incluem monitoramento permanente da qualidade da água e recuperação das margens do rio com vegetação nativa, medidas essenciais para melhorar a resiliência da bacia.
Contextualização da bacia
O rio São José dos Dourados nasce em Mirassol (SP) e deságua no Rio Paraná, correndo paralelo ao Rio Tietê e estando inserido na UGRHI 18.
A micro-região enfrentava desafios como erosão, degradação vegetal e pressões agrícolas, o que torna ainda mais relevante a prevenção de danos como o atual.

Fotos: Reprodução / Facebook