
Foto: Reprodução / Fonte: Instagram
Da Redação
O prefeito de Sorocaba (SP), Rodrigo Manga (Republicanos), foi afastado do cargo por 180 dias por decisão judicial, durante a segunda fase da Operação Copia e Cola, deflagrada nesta quinta-feira (6) pela Polícia Federal (PF). A investigação apura suspeitas de corrupção, peculato, fraude em licitação e desvio de verbas públicas na área da Saúde municipal, envolvendo a contratação de uma organização social pela Prefeitura.
A ação cumpriu sete mandados de busca e apreensão e duas prisões preventivas, além de determinar o bloqueio e sequestro de bens de investigados no valor de cerca de R$ 6,5 milhões. Também foram impostas medidas cautelares, como suspensão de funções públicas e proibição de contato entre os suspeitos.
Em vídeo publicado nas redes sociais, Manga confirmou o afastamento e afirmou que pretende recorrer da decisão.
“Pessoal, acredite se quiser, me afastaram do cargo de prefeito. (...) Não vou desistir de Sorocaba, nem do Brasil. O Deus do impossível não falha”, disse o prefeito afastado.
“Prefeito tiktoker”
Conhecido nacionalmente como o “prefeito tiktoker”, Rodrigo Manga se destacou por sua atuação nas redes sociais. Seus vídeos curtos e chamativos — com bordões como “vem morar em Sorocaba, vamos fazer a melhor cidade do Brasil para se viver” — somam milhões de visualizações e o tornaram um dos políticos mais populares da internet.
Até esta quinta-feira (6), o prefeito reunia 3,8 milhões de seguidores no Instagram e 3,3 milhões no TikTok. Segundo ele, o sucesso digital vem da “linguagem simples e direta” com os eleitores.
“As pessoas cansaram desse discurso chato do político, muito técnico, que ninguém entende nada”, afirmou em entrevista recente.
Entretanto, especialistas apontam que os conteúdos publicados pelo prefeito usam estratégias de marketing político e desinformação para reforçar a própria imagem. O Ministério Público já investiga o uso de servidores comissionados na produção de vídeos para as redes pessoais de Manga, fora dos canais oficiais da Prefeitura.
Trajetória política
Antes de entrar na política, Rodrigo Manga — cujo apelido vem de uma variação do sobrenome Maganhato — trabalhava como vendedor de veículos em Sorocaba e ganhou popularidade ao participar de programas de TV locais. Ele é formado em marketing e iniciou a carreira política como vereador, exercendo dois mandatos antes de vencer a eleição para prefeito em 2020.
Reeleito em 2024, com mais de 263 mil votos válidos (73,75%), Manga chegou a afirmar ter recebido “a maior votação da história de Sorocaba” — o que é verdadeiro em números absolutos, mas proporcionalmente o recorde pertence ao ex-prefeito Vitor Lippi (PSDB), que obteve 79,35% dos votos em 2008.
Outras investigações
O nome de Rodrigo Manga já esteve envolvido em outras investigações. Em 2023, o Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP) obteve na Justiça o bloqueio de bens do prefeito e de outros envolvidos por suspeita de fraude em licitação para a compra de kits de robótica avaliados em R$ 26 milhões, em 2021.
O caso evoluiu de um inquérito civil que apurava suposto superfaturamento e direcionamento no processo de licitação. O bloqueio de bens segue em vigor.
Outro episódio investigado foi a compra de um prédio particular no bairro Campolim, em 2021, para abrigar a Secretaria de Educação. A apuração do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) apontou superfaturamento superior a R$ 10 milhões. O caso resultou em condenações de ex-secretários municipais e empresários, mas o prefeito não foi réu nem condenado nesse processo.
Operação Copia e Cola
A Operação Copia e Cola teve sua primeira fase deflagrada em abril de 2025 e, segundo a PF, a análise de materiais apreendidos permitiu identificar novos envolvidos e indícios de ampliação do esquema. Os investigados poderão responder pelos crimes de corrupção ativa e passiva, peculato, fraude em licitação, lavagem de dinheiro, contratação direta ilegal e organização criminosa.
Com o afastamento, a Prefeitura de Sorocaba deve ser assumida interinamente pelo vice-prefeito, até nova decisão judicial.
Com informações da Polícia Federal, Ministério Público e Agência Brasil.