PANDEMIA

Avanço da pandemia é mais veloz no interior de SP do que na capital, aponta estudo

Avanço da pandemia é mais veloz no interior de SP do que na capital, aponta estudo

Levantamento mostra que 183 cidades registram juntas mais de 3,5 mil casos

Levantamento mostra que 183 cidades registram juntas mais de 3,5 mil casos

Publicada há 4 anos

Estudo em parceria com a Unesp aponta que a ampliação do coronavírus está com maior velocidade no interior — Foto: Reprodução/TV TEM

Da Redação

O estudo realizado pelo Centro de Contingenciamento da Secretaria Estadual da Saúde, em parceria com a Unesp, revelou na quinta-feira, 14, que na primeira quinzena do mês de maio a ampliação do contágio de coronavírus no interior paulista está com uma velocidade maior do que na capital.

Ao G1, o médico e professor da Faculdade de Medicina da Unesp de Botucatu e integrante do Centro de contingenciamento, Carlos Fortaleza, afirmou que, como os casos de Covid-19 no interior estavam no mês de abril "três semanas atrás" dos registrados na capital, o número começou a ter uma crescente no mês de maio.

"O nosso estudo em abril apontou esse atraso de três semanas em relação à capital e que as grandes cidades do interior, que ficam às margens das rodovias, teriam esse aumento de casos. Percebemos que realmente está ocorrendo isso e que hoje a velocidade dos casos está maior do que a capital. Isso sem dúvida está acontecendo", afirma,

Segundo o professor, o estudo mostra que em grande municípios, como Bauru, Araçatuba, São José do Rio Preto e Sorocaba, não só podem receber casos de coronavírus de forma direta da capital como multiplicar os casos e colocar em risco os municípios vizinhos.

"Em abril tínhamos essa previsão de que iria ocorrer e está ocorrendo. A diferença é que antes havia uma distinção do que deveria ter sido feito em relação ao fechamento nessas menores cidades. Claro que a capital fez muito antes. Mas agora não ha distinção entre capital e cidades do interior quanto à abertura. Só não teve mais casos porque houve o isolamento social", afirma.

Dados

Em 183 cidades das regiões de Sorocaba, Jundiaí, Bauru, Marília, São José do Rio Preto, Araçatuba e Itapetininga, são mais de 3,5 mil casos positivos até a manhã desta sexta-feira, 15, segundo boletins divulgados pelas prefeituras.

Mais de 20 cidades das regiões de Sorocaba e Jundiaí, por exemplo, chegaram a contabilizar juntas mais de 1,2 casos positivos de coronavírus e mais de 100 mortes na primeira quinzena de maio. Este dado foi alcançado em menos de dois meses que os primeiros registros da doença foram confirmados pelas prefeituras.

O G1 contabilizou os dados divulgados em 22 cidades desde os primeiros registros feitos no fim de março. Em Sorocaba, por exemplo, o primeiro caso de coronavírus foi confirmado no dia 24 de março.

O paciente, um homem de 53 anos, trabalhava em São Paulo e teve contato com um caso suspeito no dia 13 de março, além de ter passado pelo Aeroporto de Congonhas. Contudo, na data que o primeiro caso foi confirmado, a cidade contabilizava mais de 100 casos suspeitos com duas mortes em investigação. Três dias antes, a prefeitura decretou estado de calamidade pública.

Um mês após o primeiro caso registrado, 24 de abril, a cidade contabilizava 93 casos. Até a manhã desta sexta-feira (15), Sorocaba registrava 29 mortes e 362 casos positivos, o que representa um aumento de 289,2% em relação ao mês de abril.

A primeira morte, por sua vez, foi registrada quatro dias após da confirmação do primeiro caso, no dia 28 de março. O primeiro paciente foi o aposentado José Joaquim Magalhães, de 92 anos.

Conscientização

Ainda conforme o médico, a conscientização em cidades interioranas também demorou para chegar, o que tem prejudicado.

"Falo no presente ainda. Está demorando para checar em muitos municípios que estão afastados dos grandes centros. Os números estão salpicados e não chamam atenção dos moradores. Porém, a doença está avançando e é sério. São não tivemos mais casos por causa do isolamento. Mas ainda ele precisa ser feito com mais consciência", diz.

O professor ressalta que o momento é de atenção. "Eu nunca vi uma situação parecida como essa aqui na cidade [Botucatu]. Eu encontrei o hospital com 90% dos leitos ocupados. Estava tudo cheio. Elevou demais nesses dias e tende a piorar se não tomarmos as medidas certas, infelizmente", ressalta.


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